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AS CANÇÕES QUE VOCÊ CANTOU PARA MIM

Foto do escritor: Hatsuo FukudaHatsuo Fukuda


Kamala Harris canta para seus eleitores.


Imagem de Al Jazeera.


Kamala e Beyoncé fizeram um mega show (trinta mil pessoas) no Texas, um sólido reduto republicano. O motivo: Beyoncé é nativa do Texas, e a mensagem era dirigida às mulheres. A questão dos direitos reprodutivos é um problema sério no Texas, cujas leis chegam a prever até 99 anos de prisão em certos casos. Noventa e nove anos? Por um aborto? Texas é o Texas. Aí mocinho, como gritavam as crianças nas sessões de cinema quando apareciam aqueles heróicos texanos. Beyonce não cantou, fez um discurso. Ela disse: “It’s time for America to sing a new song. Our voices sing a chorus of Unity. They sing a song of dignity and oportunity. Are y’all ready to add your voice to the new American song?


Beyoncé ecoou uma velha canção, de Pete Seeger, autor de um dos grandes hinos (hoje é hino) da America, If I had a hammer: “Well, I got a Hammer/And I got a bell/And I got a song to sing/All over this land/It’s the Hammer of justice/It’s the bell of freedom/It’s the song about love between my brothers/All over this land”


Na voz de Beyoncé, que, embora politizada, não é uma militante de carteirinha como Seeger, trata-se da liberdade. E esta palavra passou a abrir e fechar os eventos de Kamala. “Freedon/Where are you?/'Cause I need freedom, too/I break chains all by myself/Won't let my freedom rot in hell/Hey! I'ma keep running 'Cause a winner don't quit on themselves”.


Kamala deve se identificar muito com a canção. Afinal, é uma vencedora que nunca desistiu de si mesma. E a canção, com seu tom messiânico, anuncia ao povo oprimido que um novo líder chegou para levá-lo à terra prometida.


Esse líder já se chamou Obama, cujo carisma acabou por produzir um movimento que transcende as fronteiras do Partido Democrata. Obama também está percorrendo o trecho, na expectativa que Kamala vença e passe a carregar a bandeira que um dia foi dele. Em um dos comícios ele foi apresentado por Eminem, que foi para anunciar apoio a Kamala. Obama começou a falar e disse que era um homem tarimbado em comícios, mas desta vez, depois de Eminem, suas mãos estavam suadas, seus joelhos estavam fracos, seus braços pesados. A plateia olhava, sorridente, simpática, interativa. Todos sabiam do que ele estava falando. Era Lose Yourself, um dos maiores sucessos do rapper: “His palms are sweaty, knees weak, arms are heavy/There's vomit on his sweater already, mom's spaghetti/He's nervous, but on the surface he looks calm and ready”.


A canção fala de momentos decisivos na vida das pessoas. É um depoimento profundamente pessoal de Eminem. Ele está inteiro na canção. Fez um sucesso enorme na época em que foi lançada, em 2003. Ganhou um Oscar de melhor canção, dois Grammys, vendeu horrores. Mas é um hip hop careta, se você pensar nas letras da cena hip hop e do próprio Eminem, recheadas de homofobia, violência, misoginia, insultos pessoais e palavrões. É uma música que nasceu nos guetos, afinal. Para Kamala e Obama importante é que Eminem, com todas as polêmicas que o envolvem, atrai a parcela do eleitorado (brancos e negros, machos) que anda batendo as asas para Trump. Voto é voto.


Faltam sete dias para o 5 de novembro. Milhões de pessoas já votaram. O Grande Circo Americano está pegando fogo. Acompanhe aqui, no Dialeticos.



E Taylor Swift? Ela também está apoiando Kamala. Não participou de comícios, mas estimulou seus fãs a votarem, o que significa má notícia para Trump. Os adolescentes – swifties - que a adoram, provavelmente votarão em massa na sorridente e dançante Kamala. Beyonce cantou At Last na posse de Obama. Cantará novamente para Kamala, desta vez saudando uma mulher na Presidência? Uma longa fileira de mulheres solitárias cantou esta canção.

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