DELEGADO PLÍNIO CONTRA A OKW
- Hatsuo Fukuda
- 1 de abr.
- 4 min de leitura
Uma aventura do delegado Plínio.

Imagem de google images.
4. PATRULHA DA FRONTEIRA
Maribete, a Matadora da Fronteira, se apresenta ao Delegado Plínio.
A padaria Ao Chineque Platonense estava vazia àquela hora, e Plínio recebeu seu café e o chineque pela própria barista. Ela se sentou à mesa, à vontade, senhora de sua casa. A jovem Ana Lúcia sentia-se autoconfiante em seu domínio das artes do café. Já não era mais uma garota dependente de seus pais, e o balcão em que preparava suas alquimias era o reino onde era a rainha e senhora. Plinio tomou um gole do café, ouvindo a tagarelice de Ana Lúcia.
- Este é um blend preparado por mim, com cafés de Minas Gerais e de São Paulo. Tentei fazê-lo suave ao paladar. Notas florais, retrogosto de frutas vermelhas. O leve amargor é perfeito para acompanhar o chineque e o sonho platonense.
Esta última frase ela falou sorrindo. Plínio conteve o gesto de engolir o café e o chineque, sair correndo e fumar um cigarro, e tomou um pequeno gole, fingindo saborear a bebida.
- Retrogosto de frutas vermelhas. Notas florais. Suave ao paladar. Deve ser o melhor blend que tomei na vida.
O sorriso de Ana Lúcia vinha sempre natural e espontâneo. Quando sorria, ela movia para o lado a cabeça, e um de seus braços se levantava, mostrando suas mãos delicadas. Ela começou a falar do filme que havia assistido com as amigas na noite anterior, mas Plínio estava com pressa. Não tinha tempo para amenidades.
Caminhando, um carro parou a seu lado. Plínio reconheceu o motorista. Era um dos assessores do DG. Entrou no carro, que seguiu em direção à saída sul de Platônia. O QG chamava. Plínio mandou mensagem para Edevaldo que iria atrasar.
Eles percorreram uma estradinha rural e chegaram a uma fazendinha. Ao lado de uma casa, alguns carros e uma van fechada, sem janelas. Plínio notou os homens posicionados discretamente nas redondezas, todos fortemente armados. Avistou um, depois dois, drones vigiando a área. Notou os toldos protegendo a área de fotos aéreas ou de vigilância por satélites. Um dos homens abriu a porta e Plinio entrou no veículo, cheio de computadores e instrumentos eletrônicos. Era uma central de comando móvel da Patrulha da Fronteira, e dentro, ao lado de alguns homens e mulheres que monitoravam telas, estava a coronel Maribete Oliveira, a lendária matadora e comandante da Patrulha. Dizia-se que Maribete mataria uma dúzia de homens armada com um lápis. Ninguém se atrevia a perguntar se era verdade. Os homens que trabalhavam com ela a tinham visto em combate, e sabiam que a faca era sua arma predileta. Em combate, quando ela puxasse a faca, o sangue jorraria sem parar. Ela costumava dizer para os soldados:
- Não pare para pensar, idiota! Mate ou morra.
A Patrulha da Fronteira não costumava deixar feridos ou sobreviventes nos campos de batalha. Todos os inimigos morreriam. Se não morressem, a própria coronel Maribete faria este favor a eles. À faca.
- Dr. Plínio, o senhor tem estado ocupado ultimamente. Seu antecessor preferia dar ordens da escrivaninha. Já o senhor prefere tomar pinga com os bóias-frias. O senhor daria um bom ator. Ou cantor sertanejo.
Plínio aguardou. Ele era um péssimo cantor. Só se atrevia a cantar quando estava bêbado, acompanhado de bêbados. E nunca sabia as letras das canções.
- Alguma coisa interessante para contar, doutor?
Esta pergunta era retórica. Ela mostrou umas fotos, algumas tiradas do alto, provavelmente de um drone, em que Plínio aparecia nitidamente, em seu disfarce de trabalhador rural. Ele tinha sido monitorado durante todo tempo. Em algumas fotos aparecia Mad Leo, acompanhando o delegado à distância, pronto para intervir, caso necessário. Mas não havia imagens de Pepe. Plínio aguardou. Ele não partilharia informações com desconhecidos, mesmo sendo a célebre matadora da fronteira.
- Eu o chamei porque seu disfarce foi detectado pela OKW. Você já está marcado para morrer. Não sei se eles sabem quem você é, mas um assassino profissional já foi destacado para matá-lo. Ele está aguardando sua próxima aparição. Esta informação é de uma fonte segura.
A coronel Maribete relaxou e deu um sorriso. Ela não costumava sorrir, e Plínio teve um calafrio. O conde Drácula sorriria assim, antes de cravar os dentes em uma vítima. Mas era um conforto pensar que estavam do mesmo lado.
Enquanto voltava para a delegacia se perguntava como tinha sido descoberto. Ele tinha sido cuidadoso, mas havia atuado durante muito tempo em toda a região. Uma inteligência poderosa o tinha detectado, mas não fora capaz de associá-lo ao delegado Plínio, o que era um alívio. Pouco importava. Ele sabia o que era necessário. A OKW e suas bases estavam mapeadas e poderia sofrer um golpe terrível. Mas eles não sabiam quem eram os chefes, e onde eles estavam. Era necessário aguardar. Ainda não chegara o momento para atacar.
Esta é uma obra de ficção. Os leitores desavisados que se dispuserem a ler (por sua própria conta e risco) estejam advertidos que este Blog não se responsabiliza pelos desatinos do autor. Este suposto romance será publicado em capítulos toda terça-feira. Qualquer semelhança com fatos e pessoas é mera coincidência e não poderá ser imputado ao blog qualquer responsabilidade. A publicação poderá ser interrompida a qualquer momento, caso o autor morra, se suicide ou seja internado por insanidade mental. (Nota do Editor).
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