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MISTÉRIO EM PLATÔNIA

Uma aventura do delegado Plínio.






3. INVESTIGADORA MAÍRA


O delegado Plínio recebe reforço. E um grande problema.



Chegou a nova investigadora da delegacia. Uma morena de pele cor de jambo, com um olhar de peixe morto, mas com um corpo invejável. Ela pratica boxe tailandês, e é uma ótima atiradora. Tem bíceps desenvolvidos, seios firmes que a camiseta justa realçava, um traseiro em forma de pera que se prolongavam em pernas bem delineadas. Sua pele é fresca e saudável, brilhante. É o tipo que só come vegetais e bebe socialmente. Ninguém vai brincar com a mocinha sem ser convidado. Tem fama de durona. É a bela e a fera. Maíra, Maíra Tavares. É formada em Direito e pretende um dia ocupar a cadeira do delegado. Seja bem-vinda ao clube, ele pensou.


O delegado Plínio levou-a para conhecer o pessoal e a delegacia. A equipe é tão pequena que cabe em um fusquinha. Quando ele soube que iria receber mais um funcionário quase deu tiros no ar de alegria. E sendo formada em direito, uma dupla alegria. Hoje em dia o trabalho é mais burocrático do que qualquer outra coisa, e um bacharel em direito na delegacia vale ouro. E se for estudioso, como o Edevaldo, mais ainda.


Maíra é do tipo compenetrado, mas tem suas manhas. Olhou para Mad Leo, o homem de ação da delegacia, vestido com roupas de camuflagem, como se fosse um soldado na selva, que não parece ser tão forte quanto Arnold Schwarzenegger, nem tão ágil quanto Jackie Chan, e levantou uma das sobrancelhas negras de leve. Deve ter gostado do que viu. Vão treinar boxe juntos. Mas Mad Leo é um mulherengo, beberrão e indisciplinado. Encrenca à vista, pensou o delegado.


Percorreu séria e muda a carceragem. Havia cinco mulheres na ala feminina, prostituição e tráfico de drogas. Mulas. Havia uma garota menor de idade, franzina, aguardando a chegada do pessoal do Centro de Socioeducação, que cuida dos menores. Era a mais perigosa de todas; latrocínio, com requintes de crueldade. Ela atraía adultos tolos com seu ar de adolescente safada e os matava com um canivete suíço. Uma psicopata com cara de anjo. Não havia onde guardá-la, e ela ficou junto com as demais presas. Seria só por hoje.


Por que a apatia nos olhos, Maíra? Parece jovem demais para ser tão desanimada. Mas desde que fizesse o serviço, o delegado Plínio estaria satisfeito. Já vira esse olhar em tiras velhos. Velhos policiais fizeram coisas de que agora se arrependem, embora não confessem. Quando necessário, fazem o serviço, mas já estão cansados. Mas em uma policial com pouco mais de 30 anos, no máximo cinco anos na carreira, a apatia deve significar outro tipo de problema.


Ela tem um filho morando em Curitiba com a mãe. Talvez seja isso. Na ficha constava como solteira, e talvez o desânimo seja devido à saudade da criança, ou um final de caso.


Com a chegada dela, Leonardo teria mais tempo livre para ajudar no caso do Dr. Maneco. Pelo menos por um tempo, até que a burocracia engolfasse também a nova investigadora e Mad Leo fosse obrigado a mergulhar também na papelada.


Ajustaram os plantões, e o delegado voltou para sua sala. A equipe precisava conversar entre si. Jogou as pernas na escrivaninha, e olhou desanimado para os processos caprichosamente empilhados na mesa pelo escrivão. O serviço de Edivaldo, como sempre, estava em dia. O do delegado Plínio se acumulara desde a saída do delegado anterior.


Um burburinho na sala da frente chamou sua atenção. Passos rápidos se aproximavam da porta. Lá vem encrenca, pensou. Mad Leo abriu a porta sem cerimônia. Ele não era do tipo educado. Jamais bateria a porta antes de entrar.


- Delegado, abra o celular. Veja o WhatsApp.


Ele retirou o celular da gaveta e viu centenas de mensagens e outras mais pipocando. Abriu uma das imagens e viu a foto de uma das lojas da cidade, com um grande letreiro: New Look of The Year. New Look em letras garrafais escuras, e of the year atravessado em letras menores em vermelho. Na vitrine, em exposição, um manequim com um terno da moda, paletó justo, sem abotoar, calças justas, camiseta branca, sapatos de couro marrom esportivos. Uma roupa para homens elegantes. Mas o manequim era um homem com o rosto estraçalhado e vários furos no peito. O sangue empapava a camiseta e o paletó. O homem, sentado em uma cadeira, cercado por vários manequins com roupas femininas com os braços estendidos em direção a ele, produzia um efeito cômico. Mas não havia graça no rosto despedaçado.


Alguém escrevera indignado em letras maiúsculas:


NÃO HÁ POLÍCIA EM PLATÔNIA?



Esta é uma obra de ficção. Os leitores desavisados que se dispuserem a ler (por sua própria conta e risco) estejam advertidos que este Blog não se responsabiliza pelos desatinos do autor. Este suposto romance será publicado em capítulos toda terça-feira. Qualquer semelhança com fatos e pessoas é mera coincidência e não poderá ser imputado ao blog qualquer responsabilidade. A publicação poderá ser interrompida a qualquer momento, caso o autor morra, se suicide ou seja internado por insanidade mental. (Nota do Editor).


Se você deseja reler os capítulos anteriores, a obra completa - até onde foi aqui publicada - estará entre os posts já publicados, bastando você rolar a tela para encontrá-la.




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