Kamala Harris ou Donald Trump? Os institutos de pesquisas, sites de apostas, xamãs eleitorais se posicionam. Haja fé.
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A eleição americana entrou na reta final. Faltam seis semanas para o dia 5 de novembro, dia da eleição. Alguns Estados já começaram a votação pelo correio. As campanhas entraram em velocidade de cruzeiro e, salvo algum acontecimento espetacular – perfeitamente possível em uma eleição cheia de acontecimentos extraordinários – assim permanecerá até o último dia. Kamala ganhou tração com o debate. Sua espetacular largada, após a retirada de Biden da disputa, havia perdido força. Trump, lentamente, ganhava terreno e consolidava a percepção de vencedor. Com o debate, ela mostrou, ao vivo, para quase setenta milhões de espectadores, a fragilidade de Trump. Seus índices, que haviam perdido tração, imediatamente começaram a subir. Serão suficientes para levá-la ao pódio, em 5 de novembro? Esta pergunta vale alguns trilhões de dólares.
Neste momento as campanhas percorrem os Estados-pêndulo, onde as eleições serão realmente decididas. São sete Estados cujos delegados eleitorais estão em jogo. O próximo acontecimento nacional será o debate entre os candidatos a Vice-Presidente, o republicano Vance e o democrata Walz, no dia 1.º de outubro. Dois homens com origem humilde, mas que percorreram trajetórias distintas: Vance estudou em Yale, uma universidade de elite, e se tornou o porta-bandeira do conservantismo trumpista, e talvez o seu herdeiro político; Walz, de uma pequena cidade de Nebrasca, fez carreira como professor e membro da Guarda Nacional e daí lançou-se à política, em Minnesota. Ele é uma raridade no campo democrata, um partido dominado por uma elite política de intelectuais da Costa Leste e Oeste: um homem com raízes rurais e pensamento político de esquerda (“liberal”, como eles dizem lá). Foi escolhido candidato por suas sólidas credenciais democratas e sua enorme capacidade comunicativa com o eleitorado conservador.
Enquanto o Grande Circo Americano não pega fogo, os tradicionais xamãs da política americana se esfalfam para apontar o vencedor. Os institutos de pesquisa lançam seus achados e municiam os agregadores de pesquisas, como site 538, o Real Clear Politics, o Silver Bulletin, o Cook Political Report e outros menos conhecidos. São centenas de institutos, alguns declaradamente partidários, a serviço das campanhas em caráter oficial ou extraoficial, outros supostamente neutros, com um histórico melhor ou pior de previsões eleitorais. É supostamente “científico”, mas todos eles têm seu histórico de erros. Erro clamoroso foi a eleição de 2016, onde Hillary Clinton iniciou o dia vencedora, para descobrir, no final, que Trump havia arrastado as fichas. Praticamente todos os institutos erraram, em alguns casos de maneira gigantesca. Foram incapazes de entender o fenômeno Trump, que estava começando a caminhada para transformar a política americana a sua imagem e semelhança.
Outro fenômeno xamânico é o dos sites de apostas online. Os apostadores têm prestígio entre os políticos, pois colocam dinheiro em suas previsões eleitorais. Talvez seja o mais confiável dos mecanismos de comunicação com o futuro. Os apostadores pesquisam incansavelmente antes de colocarem seu dinheiro na mesa. E com base em suas pesquisas e intuições – afinal é um jogo - colocam suas fichas no possível vencedor. Alguns especialistas acreditam ser um mecanismo mais confiável para previsões eleitorais do que o dos institutos de pesquisa. Afinal, institutos de pesquisa telefonam para os possíveis eleitores e os entrevistam sobre suas preferências eleitorais. Trata-se de uma fotografia do momento, como dizem os pesquisadores, e não necessariamente o entrevistado responderá fidedignamente ou mesmo manterá sua opinião até o dia da eleição. Nos sites de apostas os participantes jogam no futuro. Trata-se de um mecanismo semelhante ao das bolsas de valores, portanto, em tese, mais confiável que as pesquisas.
Os sites 538, RCP, Silver Bulletin dão Kamala a frente neste momento. Os sites de apostas, que estavam divididos até o dia do debate, passaram a favorecer Kamala (inclusive Polymarket, que dava Trump como vencedor um dia antes).
Faltam seis semanas para as eleições. Acompanhe aqui, toda terça-feira.
Autointitulados xamãs de eleições surgiram no noticiário ultimamente. New York Times produziu um vídeo com um deles, Alan Lichtman. Outro xamã é Thomas Miller. A revista Fortune publicou um artigo sobre suas previsões. Ambos, corajosamente, dão Kamala como vencedora. O Estadão publicou ambos em seu site. Haja fé. E como dizem por aí, a fé não costuma faiá. Exceto quando faia.
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