A cidade brilha de luz. Venham conhecer, convida o prefeito Rafael.

Imagem de Prefeitura Municipal de Curitiba.
O prefeito Rafael está em plena temporada de inaugurações. De rodas gigantes, de árvores de Natal, de luzes natalinas. Todos sabem que ele adora festas, e a sua predileta é o Natal. Curitiba se transformou em uma Cidade Luz. Como o momento econômico está bom, as pessoas saíram às ruas para gastar e levar as crianças para passear. Shoppings lotados, mas, para nós que vivemos nas ruas da cidade, vemos lojas de rua lotadas também. Na minha caminhada diária, passo pela inauguração da Roda Gigante na Rua XV e vejo que a Big Band da Belas Artes se apresentaria no evento. Uma multidão se postava à frente, aguardando o prefeito, que chegou em seguida e começou saudando Margarita, sua mulher, companheira e amiga de toda a vida. Para ele, que é um fervoroso católico, Margarita não morreu. Tem razão o prefeito.
Paro e me alegro pensando que a cidade está de parabéns em ter um prefeito tão exuberante, tão jovial, tão barroco. Ele é engenheiro e seria, para os estereótipos convencionais, um homem formal e contido, voltado para as racionalidades matemáticas. Mas é o contrário. Ele é antes um homem emotivo e exuberante, que nunca se vexa em expor seus sentimentos em público. Talvez seja este o motivo por que é tão amado pela população.
Em entrevista à Rádio CBN, o prefeito se vangloria de suas realizações. A lista é extensa. Como caminhante habitual da cidade, sei que ele tem razão. E de outros lugares me vêm a confirmação. Uma amiga estudando em Nova Iorque conta que, perguntada de onde vinha, sua interlocutora retrucou: “Curitiba? Eu conheço Curitiba. A cidade mais inteligente do mundo”. Há alguns anos, em San Francisco, na California, eu tive resposta semelhante. Uma americana, informada que eu era de Curitiba, respondeu: “A cidade de Jaime Lerner, o arquiteto”. Ao que parece, o prefeito Rafael está assumindo, aos olhos do mundo, o papel inovador que foi de Jaime Lerner. Com razão, pois o seu trabalho se baseou naquilo que já havia sido plantado pelo prefeito Lerner. Uma das razões de seu sucesso: ao contrário da maioria dos políticos do Bananal, ele deu continuidade ao trabalho já existente, e prestigiou as equipes administrativas que estavam trabalhando.
Questionado sobre política, ele reafirmou aquilo que se esperava. Uma sabedoria convencional, que anda esquecida, mas nem por isso menos verdadeira. “O bom prefeito é aquele que serve”. “A virtude dos governantes faz a felicidade do povo”. “A virtude está no equilíbrio”. “O ódio não pode ser método”. Como corolário, ele acrescentou: “O Brasil cansou dos extremos”. Esta última frase talvez seja mais um desejo do que a realidade das ruas, e a prova foi a votação que a candidata da oposição fez. Uma candidata radical loquaz, sem freios na língua, que ignorava totalmente as realidades da cidade e da administração, fez 40% dos votos. Não, prefeito, o Brasil não cansou dos extremos. Muita gente acredita na necessidade de uma revolução radical e está disposta a tudo para que ela aconteça.
Enquanto isso, fiquemos com o prefeito, que em uma das entrevistas, disse aos seus detratores: “Mordam-se de inveja”.
Feliz Natal, prefeito. E obrigado pelo trabalho.
Não pretendia escrever um artigo político, e muito menos laudatório do prefeito. Ele, como todos nós, tem seus defeitos, e seu trabalho à frente da prefeitura também não está isento de críticas. Mas se você passear pelo país (ou ler as notícias nos jornais), verá que somos privilegiados. Discursos ideológicos inflamados não fazem os ônibus funcionarem, não asfaltam as ruas, não recolhem lixo todo dia.
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