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Foto do escritorTião Maniqueu

UMA NOVA ESPERANÇA


A renúncia de Biden abre as portas para Kamalla Harris.


Imagem de BBC.


A semana começou com uma notícia auspiciosa: a renúncia de Biden à sua candidatura para Presidente dos Estados Unidos da América. Não que seu nome fosse ruim - afinal ele foi um Presidente acima da média - mas não passava ao eleitor a energia necessária. Seus tombos, suas gafes, seus escorregões, seus "brancos", tudo afirmava a imagem de um homem que não tinha força física e mental suficiente para o cargo mais importante do mundo. E, diabos, é a américa, onde força é muito respeitada.


Kamalla Harris surge como uma esperança. A esperança de barrar a ascensão de Trump e afastar todos os riscos que um segundo mandato dele significa. Uma mulher, negra, filha de imigrantes, a self made woman como os americanos gostam. Claro, terá inúmeros problemas. Sua popularidade não é lá essas coisas... sinceramente é difícil entender como uma significativa parcela do eleitorado americano podem babar para uma figura horrorosa como o Donald do mau e não se encantar com Kamalla. Apesar de tudo, as doações à campanha retornaram aos milhões e as pesquisas não apontam índices ruins para quem sequer começou a falar como candidata.


Francamente não sou muito fã dos americanos. Eles valorizam demais coisas como dinheiro, fama, sucesso e força. O americano médio, branco, do sul ou do meio-oeste, parece acreditar em alguns valores que Trump encarna com sua intensidade de bufão de grande audiência. A américa para os americanos, A América grande novamente... coisas assim. Tudo cheirando a naftalina, guerra fria e supremacismo branco. Mas o fato é que, gostemos ou não, os EUA são a mais antiga e maior democracia do mundo. E só por isso - ainda que apoiem os ditadores que lhes são convenientes - são um fator de equilíbrio e estabilidade democrática para o mundo inteiro.


Se eu fosse Kamalla focaria minha campanha na importância da manutenção da democracia americana. Apontaria o dedo para Trump num debate e perguntaria à nação: vocês querem recolocar na Casa Branca alguém que atentou contra a democracia americana? Alguém que é o responsável por cinco mortes no ataque ao Capitólio? Em outra linha, tratando do problema da migração, diria claramente: Eu sou filha de imigrantes, como você é descendente de europeus e sua esposa é eslovena, Donald. A América - salvo a contribuição dos nativos americanos - foi feita pelos imigrantes. Acho que ela tem carisma e personalidade suficiente para controlar Trump em um debate minimamente civilizado ( o que nem sempre ocorre nos midiáticos debates americanos ).


Claro, eu sei que não há racionalidade nessa questão dos migrantes. Também sei que democracia não é valor essencial para muitas pessoas. Caso contrário, Trump, Putin, Bolsonaro e, no passado, Stálin, Hitler, Mao não teriam tantos admiradores. Mas penso que a campanha democrata deveria falar aos republicanos que ainda têm valores. Não há mal em ser conservador e de direita, mas a via do pensamento único é perigosa e conduziu, no passado, à catástrofe mundial. Clamar aos republicanos de bem para que se livrem da má influência e dos grilhões quee Donald Trump impõe ao partido, retomem seus verdadeiros valores e afastem a extrema direita.


Penso possível numa mensagem sincera e sólida, convencer um percentual significativo dos indecisos, ou até mesmo de conservadores republicanos. Fazê-los ver a importância da democracia americana, para América e para o mundo. Espero que uma mulher negra e filha de imigrantes seja capaz disso.



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