A língua portuguesa tem pérolas esquecidas, espalhadas em velhos livros já não lidos. Hoje resgatamos, um lindo soneto de Guilherme de Almeida sobre o amor duradouro…

Imagem de 👀 Mabel Amber 👀, Messianic Mystery Guest por Pixabay
NÓS
Quando as folhas caírem nos caminhos,
Ao sentimentalismo do sol poente,
Nós dois iremos vagarosamente,
De braços dados, como dois velhinhos…
E que dirá de nós toda essa gente,
Quando passarmos mudos e juntinhos?
-- “Como se amaram esses coitadinhos!
Como ela vai, como ele vai contente!”
E por onde eu passar e tu passares,
Hão de seguir-nos todos os olhares
E debruçar-se as flores nos barrancos…
E por nós, na tristeza do sol posto,
Hão de falar as rugas do meu rosto…
Hão de falar os teus cabelos brancos...
Guilherme de Almeida, o Príncipe dos Poetas, membro da Academia Brasileira de Letras, falecido em 1969.
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