Um poema de Manuel Rosa de Almeida.

Ele era samba.
Sorriso de Mestre-Sala,
Trajando muitas cores,
Cantando seus amores
A plenos pulmões.
Ela era tango.
Vestido vermelho de gala,
Movimentos estudados,
Sentimentos calculados,
Armadilhas e grilhões.
Ele era pura dança.
Ela era performance.
Ele uma alma criança,
Ela sutileza e nuance.
Quando ele finalmente evoluiu,
Tentando manter a harmonia,
Foi ela que a dança conduziu
Para uma apoteose de agonia.
Ela, afinal, era tango.
E ele ainda era samba.
Ela era tragédia vagando,
Ele alegria molamba.
E como não é crível
Uma tragédia alegre
Ou uma alegria trágica,
Fêz-se, como que por mágica,
Um rápido amor entregue
Ao momento que foi possível.
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