A língua portuguesa tem pérolas esquecidas, espalhadas em velhos livros já não lidos. Agora, passamos a homenagear Vinícius de Moraes, um dos poetas brasileiros que melhor falou de amor. O poema de hoje fala de adeus e perda e do que resta...

Imagem de Pensar Contemporâneo
SONETO DA SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes. Cumpriu inúmeros e diversos papéis, de diplomata a poeta, de jornalista a compositor, passando por dramaturgo e cantor. Em parceria com Toquinho, compôs, talvez, os melhores sambas da música brasileira. Em parceira com Tom Jobim compôs uma das músicas mais famosas no mundo: Garota de Ipanema. Na poesia notabilizou-se por seus sonetos. O soneto de hoje e o Soneto da Fidelidade são provavelmente os sonetos mais conhecidos dos brasileiros. Como se vê... tudo nele é grande. O Soneto da Despedida surgiu em 1940. Você o encontra no livro Poemas, Sonetos e Baladas - Edições Gavetas - São Paulo - 1946.
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