A língua portuguesa tem pérolas esquecidas, espalhadas em velhos livros já não lidos. Chegou a ocasião de celebrar um dos maiores poetas paranaenses: Paulo Leminski. Este ano Leminski completaria 80 anos, ele que nos deixou precocemente, por pura sacanagem. Ao contrário do que pensam alguns, Leminski não era do modelo poeta maldito. Nada... era irreverente, rebelde, debochado, isso sim. Consumia tanta vida que a vida o consumiu cedo. Hoje escolhemos um poema que não é de Leminski, mas tem tudo a ver com a homenagem. O poema que Solda fez para despedir-se de Leminski.
Imagem de São Paulo Review
vai
meu amigo
desta vez
não vou contigo.
a morte
é um vício
muito antigo só que nunca
aconteceu
comigo
pode ir
que eu não ligo
eu fico por aqui
separando
tijolo do trigo
Paulo Leminski ( 1944/1989 ), foi principalmente poeta. Contudo, fez muitas outras coisas, todas elas muito bem feitas. Foi escritor, tradutor, compositor, crítico literário, jornalista, músico, professor e ainda outros ofícios. Pode-se dizer que revitalizou a poesia nacional, pois inaugurou estilo único, profundo e despojado ao mesmo tempo. Era um mestre no Hai Cai. Escreveu prosa experimental ( Catatau ), biografias ( Trotski - A Paixão Segundo a Revolução ) e, na música, fez parceria com gente de peso, como Moraes Moreira, Guilherme Arantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, entre outros. Personagem marcante da cultura curitibana, partiu muito cedo, aos quarenta e quatro anos.
Comentarios