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GRANDES POEMAS DA NOSSA LÍNGUA XXVII

A língua portuguesa tem pérolas esquecidas, espalhadas em velhos livros já não lidos. Chegou a ocasião de celebrar um dos maiores poetas paranaenses: Paulo Leminski. Este ano Leminski completaria 80 anos, ele que nos deixou precocemente, por pura sacanagem. Ao contrário do que pensam alguns, Leminski não era do modelo poeta maldito. Nada... era irreverente, rebelde, debochado, isso sim. Consumia tanta vida que a vida o consumiu cedo. Hoje oferecemos Parada Cardíaca, um poema bem Leminski.


Imagem de São Paulo Review


Parada cardíaca

Essa minha secura

essa falta de sentimento

não tem ninguém que segure,

vem de dentro.


Vem da zona escura

donde vem o que sinto.

Sinto muito,

sentir é muito lento.



Paulo Leminski ( 1944/1989 ), foi principalmente poeta. Contudo, fez muitas outras coisas, todas elas muito bem feitas. Foi escritor, tradutor, compositor, crítico literário, jornalista, músico, professor e ainda outros ofícios. Pode-se dizer que revitalizou a poesia nacional, pois inaugurou estilo único, profundo e despojado ao mesmo tempo. Era um mestre no Hai Cai. Escreveu prosa experimental ( Catatau ), biografias ( Trotski - A Paixão Segundo a Revolução ) e, na música, fez parceria com gente de peso, como Moraes Moreira, Guilherme Arantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, entre outros. Personagem marcante da cultura curitibana, partiu muito cedo, aos quarenta e quatro anos.

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