Um poema de Manuel Rosa de Almeida sobre libertação.
Imagem de Free-Photos por Pixabay
Morreu Dona Vesúvia
Teve uma última erupção
E só restou basalto e pedra pome.
Já não tem pelas uvas
Qualquer compunção
Já não saliva, já não come.
Dona Vesúvia morreu
Expeliu derradeiras lavas
E só restou pedra pome e basalto.
Tudo o que na vida temeu
Agora manda às favas
A doença, a pobreza, o assalto.
Morreu Vesúvia, solitária
Em meio ao cataclisma
Vomitando incandescente magma.
Agora não é mais pária
Agora já não cisma
Tampouco reflete ou divaga.
Morreu Dona Vesúvia
Teve uma última erupção
E só restou diabásio e granito.
Tudo o que ela via
Era apenas ilusão
Dormindo um sono aflito.
Dona Vesúvia morreu
Expeliu derradeiras lavas
E só restou granito e diabásio.
E finalmente aconteceu
Libertou-se de cordas e travas
Dos filhos, dos amigos, do amásio.
Morreu Vesúvia e com ela
Morreu toda humanidade
Os vulcões todos consumidos
Em verdade vos digo, em verdade
Vos digo a verdade singela
Sois poeira de estrela, expelidos.
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