Um poema de Manuel Rosa de Almeida sobre nossa língua…

Imagem de Mediamodifier por Pixabay
A língua portuguesa,
É toda cheia de graça.
Se era pobre o latim
E assim cheio de jaça
Aos poucos encheu a mesa
Com gente de toda raça
E ganhou beleza sem fim,
Aqui, na pátria nossa.
Tem uns balangandãs
Umas formas de dizer
Para a palavra que se apresenta
Novas, belas, amadas,
E mais beleza se acrescenta.
A simples palavra manhã
Um arrebol pode ser
Ou pode ser alvorada.
Aqui um ataque de nervos
Pode um chilique virar
Ou melhor: siricutico.
E até o ataque fica mais bonito.
E aves, então… que acervo!
Papagaio, beija-flor, sabiá
Tangará, noivinha, tico-tico
Bem-te-vi, rolinha, periquito...
Um objeto de pouco valor,
Pode virar quinquilharia
Bugiganga, ainda melhor
E é o mais rico que há.
Se a pessoa não se entende
Falar confuso ela pretende
Para alguns é algaravia
Para outros charabiá.
E quantas flores! Jasmim
Begônia, rosa, bromélia
Lírio, caliandra, quimera
Primavera, dente-de-leão
Onze horas, dália, alecrim,
Crista-de-galo, narciso, camélia
Lavanda, gerânio, primavera
Flores pra toda estação.
Estrangeiros sentem falta
Uma dolorosa busca de ver
Nós aqui temos saudade
Machuca… mas com doçura.
E se o latim era romana dureza
De tanta gente conhecer
Foi ganhando graça, ternura
E assim podemos afinal dizer
A mais bela língua, em verdade
É nossa língua portuguesa.
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