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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

O MAIS ORIENTAL DOS FILÓSOFOS OCIDENTAIS

Recomendação de leitura

Desvalorizado em seu tempo, Schopenhauer é hoje leitura obrigatória.

Imagem de StockSnap por Pixabay

Se você admira e sente alguma conexão com o pensamento de Arthur Schopenhauer, antes de lançar-se à leitura de sua obra principal - O Mundo como Verdade e Representação - deveria dar-se a oportunidade de ler uma obra introdutória: Sobre a Quadrúplice Raiz do Princípio da Razão Suficiente.


Arthur Schopenhauer ( 1788/1860 ) é sempre rotulado como um pessimista. Particularmente, creio que esta imagem decorre mais de sua personalidade do que de sua obra. Schopenhauer era, claramente, um ser humano ressentido. Conquanto brilhante, não teve seu brilhantismo reconhecido por seus contemporâneos. Isso o torturava, como logo se percebe em seus escritos, o que denota uma pessoa vaidosa, carente de reconhecimento e aplauso. Em consequência, havia sempre certo amargor em seus escritos.


Sua obra é brilhante, mas veio quando o mundo acadêmico olhava para outro lado. Consta que Schopenhauer lecionava para uma sala vazia na Universidade de Berlim enquanto Hegel falava para um auditório repleto e entusiasta. Isso feria profundamente sua suscetibilidade, sobretudo porque entendia Hegel como nada mais que um falastrão. Esta amargura transborda em suas obras e é, sem dúvida, seu ponto fraco. Perde-se em parágrafos para detratar outros filósofos, assim como em linhas em que faz um panegírico de si mesmo. Modéstia e moderação são termos inexistentes no vocabulário do filósofo.


Nestes traços pessoais, penso, reside o rótulo de pessimista. Mas o conteúdo de sua obra é muito mais profundo que o sabor acre que possa haver na boca de um homem. Schopenhauer foi o filósofo que trouxe a sabedoria da Índia para o ocidente, implantou os pensamentos budistas na metafísica ocidental. Além disso, possui o mérito do comunicador. Ele escreve bem e agradavelmente. Faz-se compreender. Não é de difícil leitura ( como Kant ), nem prolixo ( como Hegel ), sequer propositadamente obscuro ( como Heidegger ). A capacidade de comunicar é grande virtude para um filósofo, sobretudo para alguém que anseia pela adoção de seu pensamento.


Sobre a Quadrúplice Raiz do Princípio da Razão Suficiente é a tese que lhe assegurou o título de Doutor. Trata-se de uma obra introdutória, onde Schopenhauer investiga os fundamentos do Princípio da Razão Suficiente, que afirma: Nada é sem razão porque seja ou não seja. Não se deixe enganar pela simplicidade da proposição. Trata-se de uma afirmação basilar em filosofia, que Schopenhauer investiga pela busca de suas raízes. E chega a quatro acepções: razão de ser, razão de vir-a-ser, razão de conhecer e razão de querer. Nestas quatro acepções se enquadra todo conhecimento humano, da matemática à ética. Naturalmente é impossível resumir o conteúdo da obra em poucos parágrafos. Basta dizer que sua leitura é importante para quem deseja aprofundar-se na filosofia de Schopenhauer e atingir sua obra magna: O Mundo como Vontade e Representação.


Sobre a Quadrúplice Raiz do Princípio da Razão Suficiente - 1813 - Arthur Schopenhauer - Editora Unicamp, 352 páginas.


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