Crítica de cinema
Uma história tocante, com a interpretação correta.
Imagem de Pixabay
Em agosto completaremos dois anos do falecimento de Chadwick Boseman. Morreu muito cedo, muito jovem, com apenas 43 anos de idade. Ele era mais conhecido do grande público por seu papel em Pantera Negra ( 2018 ) onde encarnava um carismático super herói. Boseman foi um grande ator, mas foi também diretor e roteirista.
Para lembrar este grande ator norte-americano, contudo, prefiro recomendar um filme um pouco mais antigo: 42 - A História de uma Lenda. Esta preferência reside em dois fatores: a história é muito boa e a interpretação de Chadwick Boseman irretocável, precisa e sutil, dentro da fórmula mais é menos.
O filme conta a história de Jack Robinson, o primeiro jogador negro da liga norte-americana e baseball, a MLB. Antes da Segunda Guerra Mundial, os americanos conviviam com duas ligas de baseball profissional: uma para negros, outra para brancos. Era o preconceito, escandaloso, escrachado, mas lamentavelmente aceito.
Em 1947, um visionário dirigente do Brooklin Dodgers, resolveu que colocaria em seu time o primeiro jogador negro da américa a jogar num time de brancos. O nome deste dirigente era Branch Rickey, magistralmente interpretado por Harrison Ford. Hoje, a pretensão pode parecer muito simples, especialmente aqui no Brasil. Mas naquela época era preciso muita coragem, porque isso representava um soco no estômago da discriminação e dos racistas. Basta lembrar que havia banheiros para negros e para brancos, lugares no fundo do ônibus destinados a negros, a Klan, etc, etc, outros absurdos mais.
Para que sua audácia desse certo, Rickey precisava de um homem extraordinário. Ele precisaria ser bom o suficiente para conquistar o público branco com a qualidade de seu jogo. Afinal os Dodgers percorreriam o país na disputa, inclusive transitando pelos estados sulistas. A escolha foi certeira, pois Jack Robinson era o melhor jogador da época. Além disso, o jogador precisaria manter a calma, já que Rickey contava com muitas provocações e insultos a serem suportados calado, sem partir para o desforço físico. Qualquer deslize seria fatal. Assim, Robinson suportou ameaças, agressões, xingamentos. E manteve-se competitivo mesmo enfrentando condições tão adversas.
O roteiro dá conta da história com muito engenho e graça. A história flui, por vezes vibrante, por vezes agradável, por vezes revoltante. E é impossível não torcer por Robinson e pelos Dodgers. Robinson jogou até 1956, disputou nada menos que seis World Series, conduzindo os Dodgers a vencer o campeonato de 1955. Jogou seis vezes consecutivas o All-Star Game e, em 1949, foi eleito National League Most Valuable Player - o jogador mais valioso da liga.
Em 1962 entrou para o Hall da Fama do baseball americano e em 1997, a camisa 42 - número com que jogava - foi aposentada na liga, isto é, não mais utilizada por nenhum outro jogador. A exceção fica apenas para o dia 15 de abril - o Jack Robinson Day - quando em sua homenagem todos jogadores da liga usam o número 42. Merecido: afinal nesta data, em 1947, Robinson estreou na MLB e abriu espaço para o ingresso dos demais jogadores negros. Nesta data, Robinson e Rickey abriram mais uma brecha no muro do preconceito.
42 - A História de uma Lenda - 2013, USA, HBO, 128 minutos, drama/biografia.
Direção: Brian Helgeland.
Roteiro: Brian Helgeland.
Elenco: Chadwick Boseman, Harrison Ford, Nicole Beharie.
Nota: 8
Recomendação: Para quem gosta de biografias e filmes sobre esportes.
Adjetivos: Relevante, empolgante, educativo.
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