Por Valéria Prochmann - Jornalista profissional diplomada
Especialista em Administração - Marketing e Propaganda
Livre pensadora
Todas informações sobre a seca são relevantes.
Imagem de Jose Antonio Alba por Pixabay
Representando o Estado do Paraná, o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) e o Instituto Água e Terra Paraná (IAT) passam a integrar o Monitor de Secas, instituído pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Formalizado em julho deste ano, o programa faz o acompanhamento regular e sistemático da escassez hídrica no país.
A plataforma apresenta a condição da seca ocorrida no mês anterior e subsidia as políticas públicas de enfrentamento em cada Estado. Todo mês é produzido um mapa, em escala regional, classificando a seca nas zonas monitoradas em seis categorias segundo o grau de severidade: ausente, fraca, moderada, grave, extrema e excepcional. Essa classificação adota o conceito de seca relativa, que considera o regime de chuvas característico do local. O produto também indica se a seca é de curta, média ou longa duração. "Essa iniciativa compartilhada em âmbito nacional constitui um avanço para o monitoramento e a gestão desse tipo de desastre ambiental no Paraná e no país por sistematizar e integrar os dados da seca no território", afirma o diretor presidente do Simepar, Eduardo Alvim Leite.
Os principais beneficiados são os setores agrícola, energético e de saneamento. Para o diretor de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do IAT, José Luiz Scroccaro, “a importância do Monitor de Secas reside em subsidiar a tomada de decisões dos gestores públicos e fornecer à população uma visão clara das condições hidrológicas”.
FIGURA - Mapa do Monitor de Secas em 18/09/2020
ESTRUTURA E METODOLOGIA – O Monitor de Secas é composto por instituições federais e estaduais com atuação nas áreas de previsão, monitoramento, pesquisa e resposta aos eventos de seca. A rede é composta pela instituição central – a ANA -, as autoras, validadoras, observadoras e provedoras de informação, operando de forma interativa e cooperativa.
A metodologia consiste em coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do mapa e validação. “Como instituições validadoras, o IAT e o Simepar avaliam os rascunhos relativos ao Paraná feitos pelas autoras ANA e Funceme, propondo eventuais ajustes, com base em dados de chuva e nível dos rios, abastecimento público (rodízio), perdas de safra agrícola, distribuição espacial e temporal das chuvas”, esclarece o chefe do Setor de Hidrometria do IAT, Paulo Eduardo Cavichiolo Franco. Uma vez consolidada, a versão final do mapa é divulgada na Internet em www.monitordesecas.ana.gov.br. O aplicativo Monitor de Secas está disponível gratuitamente na Apple Store e Google Play. Também pode ser baixado fazendo a leitura do QR Code em http://monitordesecas.ana.gov.br/aplicativos.
O engenheiro hidrólogo e pesquisador do Simepar, Arlan Scortegagna, destaca a tecnologia de ponta e a expertise do órgão como ativos determinantes para produzir uma boa avaliação qualitativa dos estados da seca que leve em conta as particularidades do Paraná: “No processo de validação, são utilizadas informações consolidadas de monitoramento hidrometeorológico provenientes das medições pluviométricas e fluviométricas nos principais rios paranaenses, bem como dados obtidos de radares e de uma constelação de satélites”, explica. Esses fatores são processados por computação de alto desempenho e interpretados pela equipe técnica do Simepar, produzindo conhecimento.
Para realizarem esse trabalho, os profissionais receberam o treinamento virtual ofertado pela ANA e ministrado por técnicos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) – instituição que desenvolveu a metodologia.
CENÁRIO ATUAL – No mapa lançado em 18 de setembro último, o Paraná apresenta a situação mais crítica dentre as 19 unidades da Federação monitoradas. Todo o território paranaense está sendo atingido, com os maiores percentuais de seca grave (61,14%) e extrema (8,60%). Segundo Scortegagna, esta é a pior seca observada na Região do Alto Iguaçu desde que começou o monitoramento em 1931 em União da Vitória: “As ocorrências mais expressivas foram registradas em 1963, 1985-86 e 2006”.
Por estar localizada na cabeceira da Bacia do Rio Iguaçu, a Região de Curitiba é muito dependente da água dos reservatórios Passaúna, Iraí, Piraquara I e II. Devido aos baixos volumes disponíveis para abastecimento, o Simepar e o IAT propuseram aumentar o grau de severidade da classificação de grave para extrema. Já na faixa central do Estado – que vai do Oeste até o Litoral – a situação é classificada como grave. No extremo Norte, no Sul e no Sudoeste, a seca relativa é moderada.
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