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Foto do escritorTião Maniqueu

A CRISE HÍDRICA E A FALTA DE BOM SENSO

A situação se agrava e o governo federal é incapaz de administrar a crise de maneira coerente.


Imagem de tanertosun por Pixabay

Em 21 de agosto de 2020, dialeticos.com alertava, em texto da jornalista Valéria Prochmann, para os riscos de grave crise hídrica, com potencial de comprometer gravemente o abastecimento do Sul e Sudeste do Brasil. Desde então, os curitibanos têm convivido com o racionamento de água, sistema que afeta especialmente a população mais pobre que não conta sequer com uma caixa dágua de 500 litros em suas casas.


A crise veio se arrastando, contemplada passivamente pelo Palácio do Planalto, que não tomou uma atitude sequer. Agora, com previsões ainda mais sombrias para os meses do verão, o governo federal parece acordar e perceber a gravidade do problema. Mas, como usual, comporta-se de maneira errática ou absurda.


Tal como ocorreu com a crise pandêmica, em momento algum o governo federal lançou uma campanha nacional de conscientização. Era indispensável, tanto na pandemia quanto na crise hídrica, fazer as pessoas compreenderem a gravidade do problema. Era necessário orientar a população acerca de medidas possíveis para a economia de energia elétrica.


O que se viu da parte do Presidente da República foi patético. Em suas bizarras lives ele pediu que as pessoas desliguem um ponto de luz e deixem de usar elevadores. Ou seja, ao invés de fazer uma campanha séria de esclarecimento popular, Bolsonaro lança pedidos pouco inteligentes e de irrisória repercussão.


O mesmo Bolsonaro que acabou com o horário de verão em 2019, uma medida à qual os brasileiros já estavam acostumados e que implica em economia de 5% em escala nacional. Instado a retomar o programa agora em 2021, Bolsonaro recusou-se. E o Ministro das Minas e Energia afirma que o horário de verão teria impacto limitado no consumo de energia do Brasil. Ora, o impacto pode ser limitado, mas seria efetivo. Na verdade, o arrogante Bolsonaro é incapaz de reconhecer os próprios erros. Em sua vaidade, prefere ver a crise se agravar a reconhecer que a decisão de 2019 foi um grave equívoco.


E assim seguimos, com o Presidente pedindo que as pessoas usem a escada para poupar energia. Mas programas para desenvolvimento de energias alternativas são pouco incentivados; campanhas de esclarecimento à população não são lançadas; o Presidente, tal como ocorreu na pandemia, é incapaz de ocupar a rede nacional de rádio e televisão para orientar o povo brasileiro. Até que ponto de secura atmosférica e intelectual chegaremos?


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