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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

A DEMOCRACIA E O HOMEM PÚBLICO

A condução sóbria das eleições apontam para o bom exemplo de homem público.

Imagem de PIRO4D por Pixabay


O segundo turno encerra-se hoje. 57 cidades escolhem seu prefeito. Num ano tão desafiador quanto 2020, afirmar que as eleições são uma festa da democracia é, sem dúvida, um clichê… mas que clichê adequado! O Brasil enfrentou a pandemia sem uma coordenação nacional, enfrentou tentativas veladas e escandalosamente escrachadas de minar a democracia e está seguindo em frente, pondo este ano para trás, apresentando instituições sólidas.


Então, sim, é justo comemorar as eleições, ainda que por vezes as campanhas sejam palco para lamentáveis demonstrações de falta de civismo, como vimos no Rio de Janeiro. Assim como é justo homenagear o Ministro Luís Roberto Barroso que, como Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, conduziu todo este processo. E apontá-lo como exemplo de homem público.


O TSE foi alvo de ataque de hackers, de fake news, seu computador central apresentou problemas que levaram ao atraso na divulgação dos números do primeiro turno. A tudo o Ministro Barroso enfrentou com serenidade e determinação. Ao contrário de certa personalidade controvertida da política nacional, Barroso não nega os problemas, não lança falhas na conta de terceiros. Reconhece os equívocos e trabalha para apresentar resultados melhores. E conduziu as eleições municipais com segurança, em meio a uma pandemia.


Quando digo que ele é exemplo de homem público, não estou idealizando nada. Barroso é um ser humano e, imerso na condição da humanidade, comete erros. Lembramos, claro, o triste embate com o Ministro Gilmar Mendes, onde ambos apequenaram o Supremo Tribunal Federal. Tampouco concordamos com todos seus votos. Mas justamente nesta humanidade reconhecida em falhas, mais admiramos sua postura, mais o apontamos como exemplo. Porque para ser homem público não é preciso ser perfeito, já que perfeição não há. Mas é indispensável comprometimento, compostura, convicção, humildade para reconhecer suas próprias falhas, ciência de que é exemplo para a sociedade.


Nosso Presidente da República poderia espelhar-se, um pouquinho só, no Ministro Barroso. Comprometimento com o cargo que ocupa, Presidente: é seu papel liderar a nação, obrigação de que você tem se omitido justamente neste 2020, o pior ano da Nova República. Compostura, Bolsonaro: você é o Presidente da República, então pare de se comportar como cabo bêbado em boteco ao lado da caserna. Conviccão, Jair: chega de afirmar uma coisa e negar em seguida, de culpar ou outros. Você já atingiu metade do seu governo e ainda não tem sequer um plano de governo. Afinal, o que você está fazendo? Humildade, senhor Presidente: você não é o cara, não é mito senão para um bando de fanáticos descerebrados. Você é apenas um ser humano, extremamente despreparado, que algum deus brincalhão calhou de colocar no Palácio do Planalto. E finalmente, entenda: você é exemplo para os brasileiros. As mentiras que você fala são compradas por pessoas simples; seu comportamento, seja violento, truculento, sanitariamente incorreto ou apenas de mau gosto, será reproduzido por milhares de pessoas.


Ser Presidente não é missão impossível, Jair... Sarney foi. Itamar foi. Lula aprendeu a ser. Dilma deu conta. Com estes exemplos, vamos convir que não pode ser tão difícil, mesmo para você. Mas se sentir-se inseguro, inadequado, desajeitado, perdido, faça o seguinte: mire-se no exemplo dos grandes homens públicos do passado. Ou nos grandes homens públicos que há no presente. Como o Ministro Barroso.


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