A pátria exige punição exemplar a todos envolvidos.
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A nação acompanha estarrecida todos sórdidos detalhes do plano de golpe de estado que a Polícia Federal finalmente trouxe ao conhecimento público ao entregar, finalmente, o inquérito ao Supremo Tribunal Federal. São mais de 800 páginas com provas contundentes daquilo que, convenhamos, todos já sabíamos. A cúpula bolsonarista planejou, planejou, planejou e iniciou a execução de um golpe de estado.
Há muitas coisas que qualquer brasileiro lúcido já sabia. Todos os fatos estão interligados: as inúmeras convocações públicas feitas por Jair Bolsonaro - durante todo seu mandato - contra os poderes constituídos e um possível golpe militar; as inúmeras arengas contra as urnas eletrônicas, quase um mantra repetido ao longo dos anos com o objetivo de preparar corações para o que estava por vir; o sumiço depois da derrota das urnas ( dizia-se que estava deprimido, quando estava urdindo sua permanência no poder ); a manutenção dos acampamentos civis diante dos quartéis, visto que as manifestações civis como a violência do 8 de janeiro tinham o papel de dar o verniz de apoio popular ao golpe de estado; a minuta de golpe, há muito revelada; as reuniões com a cúpula do exército e as seguidas trocas de comando, destinadas a afastar aqueles que resistiam ao golpe.
Agora revelou-se a face mais negra do golpe: planejavam o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Era um plano detalhado, com determinação dos elementos encarregados desta violência ( membros de elite conhecidos como kids pretos ), as armas a serem utilizadas, a logística do crime determinada após dias de vigilância pessoal a cada um dos alvos.
Foram indiciados 37 pessoas da mais alta importância do governo Bolsonaro, a começar pelo próprio Jair. Os nomes mais importantes são de Braga Neto, Alexandre Ramagem, Anderson Torres, General Augusto Heleno, Mauro Cid, General Paulo Sérgio de Oliveira, Almirante Almir Garnier Santos e Valdemar Costa Neto.
Sinceramente, o que se espera é a prisão de todos os envolvidos o quanto antes. E que sejam encarcerados por um longo, longo período. A democracia demanda uma punição exemplar, para que a pátria possa exorcizar, de uma vez por todas, todos os arroubos autoritários que, volta e meia, insistem em ressurgir. Não é possível imaginar que imitemos os Estados Unidos da América, onde, por leniência do Ministério Público e do Judiciário, um picareta golpista voltou à Casa Branca.
Devemos novamente render preito de gratidão aos militares que, honrando suas fardas, resistiram ao plano golpista. Sua resistência impediu que o golpe de fato acontecesse. É possível imaginar a imensa pressão que receberam naqueles derradeiros meses de 2022. Quanta fibra, determinação e coragem foi necessária para que resistissem? Jamais saberemos...
Devemos recordar também o papel dos americanos na manutenção de nossa democracia. Como bem apontou o colunista Hatsuo Fukuda em diversos artigos, o governo Biden enviou, de fato, várias de suas autoridades de proa ao Brasil, para deixar claro aos militares que Tio Sam não endossava qualquer intenção de ruptura da ordem constitucional. Que teria acontecido se Trump estivesse no poder?
Enquanto o país aguarda e exige uma punição exemplar, é difícil deixar de se preocupar com o retorno de Trump à Presidência dos EUA. Num mundo em que o facismo ressurge como as piores sombras do período entre guerras mundiais, impossível deixar de temer pelos valores democráticos e mesmo pela paz no mundo inteiro.
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