ESPORTES
Bryson DeChambeau está superando todos os preconceitos e provando que há muitas formas de vencer no golfe.
Imagem dezhaofugang1234porPixabay
Exceto pelo fator econômico ( o golfe, ao menos no Brasil, ainda é caro para o cidadão comum ), o golfe é o mais democrático dos esportes. Mulheres podem competir com homens, velhos podem competir com jovens. É recomendável um corpo atlético, mas nada impede que gordinhos vençam torneios. O que não se costuma ver é homens extremamente musculosos - bombados - jogarem bem. Até que apareceu um.
Para quem joga golfe é desagradável ver o swing de Bryson DeChambeau. O homem parece uma estátua de granito que ganhou vida e resolveu arriscar umas tacadas, tal a dureza de seus movimentos. Seu putter, igualmente, dói nos olhos, como se tivesse quebrado um braço e jogasse com uma tala… Mas o fato é que ele está jogando muito bem e vencendo.
DeChambeau desmente na prática muitos conceitos teóricos do golfe. A começar pelo seu porte atlético: ele é o único bombado que consegue jogar golfe em altíssimo nível. Bem, isso pode ser preconceito, dirão… mas e que dizer de um swing equilibrado, de um grip leve e de um suave full swing? Tudo isso DeChambeau ignora. Seu apelido é the scientist, provavelmente porque ele mesmo é uma espécie de criação científica: todos seus ferros e seus wedges tem o mesmo comprimento. Apenas o loft ( a abertura ) do taco é que muda. Uma adaptação necessária ao seu swing pouco convencional. Com 1,85 de altura e 108 kg de peso - DeChambeau é quem bate os drives mais longos, não há dúvida.
Quem o viu jogando e vencendo o Rocket Mortgage Classic em Detroit ficou espantadíssimo com a deselegância e a distância que seus drives atingem. Média acima de 340 jardas! Ele bate na bola como um ferreiro surrando aço na forja. Esta foi sua sexta vitória no PGA tour, sexta vitória no circuito mais difícil do mundo.
Superados todos os preconceitos, DeChambeau precisa agora superar seu próprio estilo. Um pouquinho de contenção talvez lhe caísse bem… Afinal, seus erros são sempre marcados pelo excesso, bolas longas de mais, tortas de mais… Talvez fosse a hora de entender que não é preciso martelar a bolinha com ódio em todas tacadas. Ou pelo menos selecionar um taco menor…
Vejam o problema na regularidade dos fairways. O percentual de DeChambeau é bom, para quem bate tão longe: 61,05%. Mas se ele é o número 1 em distância, na regularidade cai para 112º. Isso pode não ser problema em campos que penalizam pouco, com roughs amigáveis. Mas jogando desta forma, não via a menor possibilidade dele vencer um U.S.Open, onde o rough é tão alto que a bola desaparece e que realmente penaliza os mais atrevidos.
Bem, pensava assim, até que ele venceu ontem o US Open, justamente num campo em que a regularidade nos fairways é tão importante. E venceu com seis tacadas de vantagem, sendo o único jogador abaixo do par. Um feito! E isso, mesmo jogando dentro de suas características e perdendo a maioria dos fairways. Ontem DeChambeau mostrou que este era apenas mais um preconceito a ser resolvido por the scientist. Até onde um jogador assim pouco convencional pode chegar?
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