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ELEITOR CONSERVADOR

Crônicas curitibanas



As eleições municipais confirmaram, como nunca, o conservadorismo do eleitor curitibano.


Imagem de Senado Federal.


Não é nenhuma novidade. Todo mundo já sabe. O eleitor curitibano é conservador. Só que nestas eleições esta realidade se intensificou ao ponto de colocar no segundo turno a opção entre um candidato de direita e um de extrema direita.


No passado, o passeio mais a esquerda se deu com a gestão de Roberto Requião (1986/1989 ). Isso se considerarmos que Requião é realmente esquerda, uma avaliação até certo ponto condescendente. Afinal, Requião sempre foi apenas ele mesmo. As gestões de Maurício Fruet ( 1883/1986 ) e de Gustavo Fruet ( 2013/2016 ) podem ser consideradas de centro-esquerda. E é só. Porque Ducci, apesar do PSB e dos apoios que recebeu nesta campanha de 24, fez uma gestão de centro. De resto, desde Ivo Arzua até Rafael Greca, passando pelo icônico Jaime Lerner, sempre tivemos gestões de centro ou de direita.


A verdade é que a esquerda nunca compreendeu o curitibano. Aquele sujeito que leva a família passear no Parque Barreirinha num domingo à tarde, a mãe que enfrenta fila num poste de saúde da CIC para atender o filho com bronquite, os homens que quebram suas canelas nas disputas do futebol de várzea, o sujeito que come pastel num carrinho de feira, a mulher que leva o filho à escola no Xaxim, enfim, o curitibano comum, a esquerda o desconhece. Ela pensa representar as massas, mas o afasta com sua postura pedante que levanta o nariz e diz: eu sei o que é melhor para você.


A esquerda se isola em espaços elitizados, discutindo temas que absolutamente não dizem nada ao cidadão comum. São professores na reitoria da UFPR defendendo cotas, centros de estudo de esquerda falando em identitarismo, sindicalistas dissociados da realidade do trabalho no Século XXI. Todos eles tem algo em comum: a arrogância de saberem o que é melhor para as pessoas comuns, a convicção de estarem sempre certos e a absoluta incapacidade de reconhecer os próprios erros.


Diante de tanta incompetência da esquerda - na vida real e no mundo virtual - a direita cresce como erva daninha em jardim mal cuidado no alto verão. Nas atuais eleições, muitos da esquerda torceram o nariz para a chapa Ducci/Goura - única com alguma chance entre os progressistas. Julgaram que ambos não eram suficientemente à esquerda e anularam seu voto. Deu no que deu. Agora, eleitor curitibano, você escolhe entre Pimentel ( direita ) ou Graeml ( extrema direita ).


Cristina Graeml é fácil de ler. Alguém que comemora Bolsonaro, foi contra as vacinas na pandemia, defendeu o 8 de janeiro de 2023 e acha importante ouvir as ideias de Pablo Marçal para inspirar sua futura gestão não precisa de maiores apresentações. Reconhecemos que ela é bem articulada. Mas ouça o que fala... Pimentel não seria tão difícil de engulir, não fosse ter como vice Paulo Martins. Segundo Congresso em Foco, foi um dos deputados que investiram no Congresso Nacional contra as vacinas, além de ser bolsonarista de carteirinha.


Será preciso estômago para escolher entre o ruim e o pior. Mas, ainda assim, cumpriremos o dever cívico no segundo turno, com o ânimo de quem vai ao dentista fazer um canal ou pega a agulha para arrancar um bicho de pé.



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