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Foto do escritorTião Maniqueu

ENTREVISTA DE SANTOS CRUZ É TRANQUILIZADORA

Tranquilizadora ao menos em um aspecto. O general fez afirmações importantes que acalmam a nação...





Muito importante a entrevista concedida pelo General Santos Cruz para a jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, no dia 13 de dezembro. O General Santos Cruz está na reserva, compôs o governo Bolsonaro em seus primeiros meses e é figura das mais respeitadas entre os militares, conhecido por uma carreira impecável dentro das forças armadas.


Para quem não lembra, Santos Cruz foi afastado do governo em junho de 2019, quando ocupava a Secretaria do Governo, em face de atritos com os filhos do Presidente e a ala dita ideológica. Foi sucedido pelo General Luiz Eduardo Ramos que, a despeito de inúmeros percalços, continua no cargo até hoje. A partir de então, passou a ser um dos críticos ferrenhos da administração Bolsonaro, expressando um ponto de vista privilegiado, já que a conheceu por dentro.


A importância da entrevista está menos naquilo que aponta como defeitos do governo Bolsonaro, já que isso é de conhecimento geral, mais em garantir o papel institucional de neutralidade das forças armadas. Ele assegurou que os militares não estão dispostos a nenhuma aventura autoritária e mais, que ficaram constrangidos com as iniciativas do Poder Executivo em interpretar a Constituição Federal para identificar nas forças armadas um suposto poder moderador. Estas ideias, classificou como absurdas.


Na análise do governo, o General Santos Cruz foi contundente. Disse que o Presidente faltou ao seu papel de liderar o país durante a pandemia, omissão que lhe será cobrada no futuro. Apontou no atual governo as mesmas mazelas que se apontavam no governo do PT, como corrupção, tentativa de criar uma cisão radical no país, culto à personalidade e fomento ao fanatismo. De fato, há semelhanças na maneira como a extrema direita e a extrema esquerda são incapazes de reconhecer as falhas de Bolsonaro e Lula, respectivamente.


Reconhecendo que Bolsonaro nunca foi um outsider, jamais representou o novo, já que participou da política ao longo de 28 anos, período marcado por inação, o general prevê dificuldades em sua reeleição, pois o povo espera dele algo mais do que apenas falar o que o povo quer ouvir, como fez na campanha em 2018. E para o país prevê um futuro difícil, sobretudo na área econômica.


Embora não extremamente articulado, o general expôs suas ideias com clareza e firmeza. Tendo em vista sua respeitabilidade entre os militares, a entrevista tranquiliza a nação, na medida em que pode identificar nas forças armadas um ponto de equilíbrio, uma barreira às pretensões ditatoriais do clã Bolsonaro.

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