LIMBO
- Melissa Zampronio

- 15 de ago.
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O tempo passa por mim indiferente.

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Como que num desencargo alucinado de consciência compito comigo mesma em cumprir todas as penitências que me imponho, seja por tédio ou por culpa construo paredes enormes no limite da lucidez para evitar o risco de atravessar fronteiras desconhecidas.
O tempo passa por mim indiferente.
Passo pelo relógio; eu por ele: indiferente.
Tratemos, pois, dos limites da alma à falta de sentido presente na tentativa de domesticar pensamentos poéticos. Ora, eles são tão selvagens e instintivos quanto a razão despreza e com sua magnânima mediocridade escravizam as luzes de nossa existência, colocando-as debaixo de camadas e mais camadas da pele morta de nossos antepassados.
Finda outra hora. Continuo com os dedos parados no mesmo lugar na vã e miserável esperança de abortar poesia. Insucesso.
Dor então passou a ser curável, artificial sensação controlada por regras estúpidas. Eu mal me lembro de como sou na realidade; meus pés e mãos pesam juntos tanto quanto minhas memórias mais tristes.
Desconexa fui, sou. Sempre serei. E nem ao menos aprendi a conviver com isso permanecendo inquieta pela eternidade que durará esta próxima hora.
O ponteiro anda outra vez.










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