Foi um personagem notável, imperador, general e filósofo.
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Marco Aurélio foi considerado o último dos grandes imperadores romanos. Governou de 161 a 180 D.C. sucedendo Antonino Pio. Embora ocupado combatendo germanos ao Norte e partos na fronteira oriental, seu reinado foi considerado justo e progressista. Sua morte assinala, para muitos historiadores, o início da decadência do Império Romano e o fim da pax romana.
O que notabilizou Marco Aurélio, contudo, foi seu envolvimento com a filosofia, conhecido como o Imperador Filósofo. Professando o estoicismo, quase religiosamente, Marco Aurélio deixou uma obra ainda hoje muito lida - Meditações. Nesta obra percebe-se não um pensador profundo, mas um homem obcecado pela transitoriedade humana. Em meio aos preceitos estoicos e um pensamento firme, revela-se também o desprezo a tudo que é mundano, aliado a um olhar condescendente para os erros alheios.
Abaixo, alguns excertos de Meditações:
Rebaixa-te, minha alma, rebaixa-te! Não terás mais ocasião de honrar a ti mesma, que breve é a vida de cada um, a tua está prestes a terminar e tu, em vez de respeitares a ti mesma, colocas nas almas dos outros a tua felicidade.
Dificilmente vemos alguém sofrendo por não ter observado o que se passa na alma de outrem, mas por força há de sofrer quem não anda atento às comoções de sua própria alma.
Quem se deixa fascinar pela glória póstuma não imagina que cada um dos que o hão de lembrar morrerá logo por sua vez, e depois quem deles receber a lembrança, até se extinguir toda recordação na sucessão de fachos que se acendem e se apagam.
Ademais, toda e qualquer beleza é bela por si mesma e a si mesma se completa, sem compreender o louvor como parte; o que louvamos nem melhora nem piora com isso.
Tudo é efemero, tanto o que memora quanto o memorado.
Se alguém pode confundir-me e provar que estou errado em minhas opiniões ou atos, eu mudarei com prazer. Procuro a verdade; ela jamais causou dano a ninguém; dano sofre quem persiste no seu engano e ignorância.
As mudanças assustam? Mas pode alguma coisa ocorrer sem que haja mudança? Que há de mais caro e familiar à natureza universal? Não vês, então, que as mudanças em ti mesmo são fatos semelhantes e semelhantemente necessários à natureza universal?
Quando alguém falta para contigo, pensa imediatamente que ideia do bem ou do mal o levou a cometer a falta; quando o tiveres verificado, passarás a ter pena dele e não sentirás surpresa nem cólera.
É cômico não fugir à própria maldade - o que é possível; e querer fugir à maldade dos outros - o que é impossível.
Admira-me muitas vezes como cada um, embora ame a si mesmo acima de todos, dá menos valor à sua opinião a seu respeito que à dos outros.
Excertos retirados de Meditações, de Marco Aurélio - Coleção Os Pensadores - Vol. V - Abril Cultural - 1ª edição - 1973.
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