Alguns fatos são simplesmente inacreditáveis…
Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay
Os nossos políticos sempre foram fonte de fatos lamentáveis, censuráveis, patéticos. Nos últimos dias, contudo, alguns acontecimentos protagonizados por figuras de proa de nossa política beiram o surreal. Em qualquer lugar do mundo em que o Estado se afirma por regras de bom comportamento e civilidade, estes atores seriam forçados a abandonar o palco, seja pelo impeachment, seja pela renúncia.
1 - Bolsonaro - O palco foi o cercadinho do Alvorada, local ideal para o Presidente verbalizar toda sorte de sandices. Instado por uma apoiadora a não deixar este negócio da vacina, que é perigoso, Jair Bolsonaro saiu-se com esta: ninguém pode obrigar ninguém a ser vacinado. O pior veio depois: a Secretaria da Comunicação reproduziu a frase no em seu site, fazendo o pronunciamento ser oficial.
Espantoso! Como é possível um governo passar mensagens assim contraditórias à população? Todos sabem - ao menos todos que não acreditam em terra plana - que a chance de retomarmos uma vida de normalidade, do ponto de vista econômico e do ponto de vista social, é a vacina. A efetividade da vacina depende da adesão em massa da população. O que se espera de um chefe de Estado quando confrontado com ideias obscuras como a verbalizada pela apoiadora em frente ao Alvorada é que defenda a vacinação, afirmando que ela possibilitará o controle final da pandemia, permitindo que todos retomem a vida que tinham em 2019 e que 2020 nos roubou. Assim como já fez com o isolamento social, com o uso das máscaras e da cloroquina, novamente Bolsonaro prestou um desserviço ao país.
2 - Bolsonaro - A princípio estudaram a possibilidade do Ministério da Defesa receber mais que o da Educação. A coisa caiu tão mal, que Bolsonaro teve que voltar atrás. De qualquer modo, o orçamento proposto pela Presidência da República tem a cara de nosso Presidente. Redução para saúde e educação e aumento para o Ministério da Defesa. A Defesa - que abrange as Forças Armadas - é aquinhoado com muito mais do que se justifica em tempos de paz. O episódio apenas ilustra a mentalidade do Presidente, que acha mais importante comprar submarinos do que investir em educação. A propósito: a reforma administrativa enviada pelo executivo ao Congresso não afeta os direitos dos… militares.
3 - Crivella - Os guardiães do Crivella são o episódio mais lamentável da crescente tentativa de calar a imprensa, iniciativas comuns no Planalto e entre seus aliados. Agora, Marcelo Crivella atingiu um nível impensável: servidores públicos municipais, pagos com o dinheiro do povo carioca, postam-se diante dos principais hospitais municipais e impedem qualquer reportagem que coloque em dúvida o bom atendimento ao cidadão. Utilizando gritos, palavras de ordem e ameaças de violência, os comissionados brutamontes inviabilizam o trabalho da imprensa e impedem o cidadão comum de se manifestar. E tudo pago com dinheiro público. Um fato como este, em qualquer país sério, certamente levaria o prefeito à renúncia. Aqui…
4 - Oposição - Infelizmente, a oposição também não se salva. O PSB, Rede, PSOL, PT e outros partidos de esquerda já anunciaram sua firme intenção de impedir a redução do auxílio emergencial, que caiu pela metade. Defesa dos interesses sociais? Não. Pura demagogia. Percebendo o ganho eleitoral que o auxílio deu ao Presidente, pretendem diminuir este efeito para dizer que a esquerda gostaria de manter o auxílio em R$ 600. Atitude tão demagógica quanto a do Presidente, que defendia inicialmente R$ 200 e mudou para 600, apenas para não perder os créditos do programa. Ocorre que todos sabem, a esquerda inclusive, que é impossível manter o programa indefinidamente, pois os cofres públicos não suportam esta despesa de 50 bilhões mensais. As consequências da irresponsabilidade fiscal são danosas para o país, especialmente para os mais pobres. A esquerda sabe disso, porque foi governo poucos anos atrás. Mas prefere o caminho da demagogia, o mesmo caminho que trilhou quando foi contra a reforma da previdência e agora, contestando a necessidade de uma reforma administrativa.
Comments