As bolsas de aposta estão em ebulição para ver quem acerta o nome daquele que entregará Bolsonaro...
Imagem de: www.slon.pics / Freepik
Para evitar depoimentos combinados, para identificar inconsistências entre as versões, para, enfim, colocar os malandros em apuros, a Polícia Federal determinou que Bolsonaro, Michele, Waingarten, Wassef, Cid filho, Cid pai e dois assessores do ex Presidente depusessem ao mesmo tempo em salas diferentes. Esta operação aconteceu na tarde de ontem e correu o risco de fracassar.
A ideia estava destinada ao fracasso, porque a quadrilha bolsonarista tinha um plano para perturbar os planos dos investigadores. Era uma fórmula simples: todos deveriam ficar em silêncio. E assim quase aconteceu. Todos recusaram-se a depor, invocaram o direito de silenciar, exceto três deles... Os Cid quebraram o silêncio. Wassef também.
O depoimento do casal Bolsonaro foi rápido. Afinal, porque estender um interrogatório onde o interrogado recusa-se a responder qualquer pergunta? O mesmo aconteceu no depoimento de Fábio Weingarten e dos dois assessores ( Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti ). Contudo, os dois Cid - pai e filho - prestaram depoimentos de muitas e muitas horas. O mesmo aconteceu com Frederick Wassef.
Imagino o desespero do clã Bolsonaro quando percebeu que estes depoimentos se estendiam, avançavam horas, venciam a tarde e entravam noite adentro. Um depoimento de muitas horas não pode ser algo inútil, não é verdade? Ainda não temos informações sobre o teor dos depoimentos, mas imagina-se que, finalmente, os dois Cid - especialmente o filho que foi ajudante de ordens de Bolsonaro - cansaram de servir de bode expiatório. Perceberam, afinal, que Bolsonaro sempre busca escapar entregando um dos seus à fogueira. Ele purga seus pecados com o sacrifício dos outros, absolve-se pela carne queimada dos amigos. Os Cid acordaram? Aguardam-se delações premiadas.
Wassef é um notório trambiqueiro. É o tipo do sujeito que só age por interesse. Se houver vantagem, ou promessa de vantagem, sujeita-se a tudo e é capaz dos comportamentos mais sabujos. Basta dois exemplos: quem abrigou por semanas o fugitivo Queiroz? Quem foi atrás do Rolex vendido para recomprá-lo com recursos próprios? Quem se diz advogado dos Bolsonaro, embora formalmente não seja? Wassef. Como todo espertalhão, contudo, Wassef preza a própria pele acima de qualquer coisa. Se meu pescoço está indo para o cepo, entregarei a minha mãe. Novamente, aguarda-se uma delação premiada.
Bolsonaro deve olhar para cima e ver a espada de dâmocles oscilando perigosamente. Olha mais para cima e vê a balança de Themis pesando definitivamente seus maus feitos. Seria pedagógico para o povo brasileiro - um povo famoso pelo jeitinho e por uma moral hesitante - se o maior picareta que já ocupou o Palácio do Planalto fosse devidamente julgado e condenado, cumprindo pena longa e exemplar. A história de Bolsonaro seria, então, uma fábula brasileira sobre poder, pecado e castigo.
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