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Foto do escritorTião Maniqueu

SECOM REVELA MAIS R$ 5 MILHÕES EM VEICULAÇÕES INADEQUADAS

Pressionado, aos pouquinhos, o governo federal vai sendo obrigado a desnudar a estrutura oficialmente mantida das fake news.




Imagem de memyselfaneye por Pixabay



Em junho, a CPMI ( Comissão Parlamentar Mista de Inquérito ) das fake news havia detectado um desperdício acima de R$ 2 milhões com matérias divulgadas em sites que propagam notícias falsas. Identificou-se que matérias de interesse do governo federal, como a reforma da previdência, por exemplo, foram veiculadas em sites conhecidos por divulgarem fake news e, inclusive, em sites com conteúdo pornográfico. Tal desperdício ocorreu em apenas 36 dias, porque apesar da Lei de Transparência assegurar acesso público aos gastos do governo federal, a SECOM - Secretaria da Comunicação Social da Presidência da República, órgão responsável por esta torneira aberta, divulgou apenas os dados deste período.


Na ocasião, o chefe da SECOM, Fábio Wajngarten, criticou a divulgação dos dados na imprensa, alegando que não escolhia onde divulgava a propaganda do governo. Esta insólita declaração, debochada e despreparada, merece duas respostas: a) Pois deveria! Afinal, ainda que anúncios em redes sociais possuam destinação aleatória, é possível filtrar certos sites inadequados, como os pornográficos, os veiculados em língua estrangeira e aqueles que são fonte notória de fake news, b) A quem você pensa que engana? Constatou-se que parcela significativa dos recursos foi direcionada, sim, para sites de blogueiros apoiadores de Jair Bolsonaro e que, convenientemente, reproduzem inúmeras notícias falsas que partem do próprio Palácio do Planalto.


Esta é uma notícia requentada, diria o leitor. Antes fosse. Pressionada pela CGU - Controladoria Geral da União, a SECOM acabou revelando mais R$ 5 milhões em anúncios destinados a sites inadequados. Já se sabia que o governo Bolsonaro gasta mais com propaganda do governo que administrações anteriores - privilegiando em especial a Rede Record - mas estes anúncios da SECOM atingem proporções escandalosas. Seja porque representam um desperdício, pois veiculadas em meio inadequado, seja porque caracterizam corrupção, pagamento a blogueiros que servem à política de desinformação do governo Bolsonaro.


Para um governo que se arroga livre de corrupção, há muito o que explicar. Não é corrupção pagar blogueiros para fazerem seu trabalho sujo? Para manterem a estrutura de fake news que sustenta as mentiras que vêm do Palácio do Planalto, mentiras na área do meio ambiente, da educação, da saúde, da política externa, etc? Não é corrupção sustentar, com dinheiro público, esta mesma estrutura de desinformação que possibilitou a eleição de Bolsonaro?


Para um governo que se diz livre da corrupção é mais uma denúncia que não encontra resposta adequada. Assim como já ocorreu com o caso Queiroz e as rachadinhas, com a compra da cloroquina, com a relação do clã Bolsonaro e as milícias, com o perdão aos infratores ambientais, com o assassinato de Marielle Franco e tantas outras.


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