Votar em Bolsonaro pode ser o maior erro da sua vida
Universidade de Oslo
Olá, caro leitor. Esse texto foi feito para a reflexão de um momento de profunda importância para o país. É voltado para os ciristas, tebetistas, para quem votou nulo, em branco, ou não votou no primeiro turno. Você pode até compartilhá-lo com bolsonaristas, mas de nada adiantará, pois o bolsonarista é um fanático e, como disse Carl Sagan, o fanático jamais será convencido de coisa alguma, pois sua crença não é baseada em evidências, mas na simples necessidade de acreditar.
Há inúmeros motivos para não votar em Bolsonaro. Poderia discorrer sobre a gestão da pandemia e os milhares de mortos sem necessidade, a sua incompetência e indolência, os funcionários fantasmas, as rachadinhas, o aberto apoio às milícias, o orçamento secreto, os crimes eleitorais, os crimes contra a humanidade (reconhecidos por Tribunal Internacional), seu caráter homofóbico, racista, xenofóbico, misógino, o descontrole armamentista, a vexatória política externa, dentre tantos. Ater-me-ei, porém, apenas no motivo que considero o mais importante, pois já é suficientemente grave. Reeleger Bolsonaro pode ser a pior coisa que você fará em toda a sua vida. Explico a seguir o porquê.
De nada adianta estudar história e repetir os erros do passado. Creio que você, caro leitor, estudou a Itália pré-Mussolini e a ascensão do fascismo. Estudou, também, a Alemanha pré-Hitler e a ascensão do Nazismo. Afinal, é conteúdo básico da grade escolar. Imagino que, assim como eu, você também julgou o povo italiano e alemão por não terem percebido o que estava acontecendo, e terem apoiado essas malditas figuras autocratas do nosso passado recente. “Como eles deixaram isso acontecer? Como podem ter sido tão cegos?”
O Brasil passa atualmente por situação semelhante, e estamos muito perto de cometer o mesmo erro que eles cometeram. Estamos deixando acontecer. Muitos brasileiros ainda não se ligaram do risco que estamos correndo. E todos os sinais estão aí, a plenos olhos. Você acha que Hitler e Mussolini surgiram a público anunciando serem autocratas, ditadores, facínoras, assassinos, genocidas? Evidentemente que não! Vieram com discurso populista, agressivo, ultranacionalista, conservador; difundiram o medo do socialismo, usaram de violência contra opositores, perseguiram minorias. Hitler foi eleito. Mussolini teve massivo apoio popular. Ambos chegaram ao poder e instalaram uma ditadura que culminou num dos maiores crimes humanitários da história. Bolsonaro emula as mesmas táticas, repete os mesmos sinais, e o povo brasileiro está caindo na armadilha. O atual presidente obteve mais de 51 milhões de votos no primeiro turno. O que quer que você ache que os italianos e alemães deveriam ter feito, você deve fazer agora!
Como apontaram Steven Levitsky e Daniel Ziblatt em “Como as democracias morrem”, não é com tanques nas ruas que os aspirantes a ditador tomam o poder atualmente. Os tempos são outros, assim como os métodos. É corroendo as instituições aos poucos, através de aparelhamento, decretos, emendas à constituição, etc. Enfim, através de meios legais. A maioria dos autocratas necessita de uma reeleição para obter êxito na sua empreitada. É no segundo mandato que a já combalida democracia sucumbe de vez. Engana-se quem acha que Bolsonaro está longe de conseguir implementar uma autocracia. Ele tem um PGR totalmente servil e conivente. O Congresso está tomado por vassalos e os parasitas do orçamento secreto. Sendo assim, o STF será presa fácil. Bolsonaro já nomeou 2 ministros. Se reeleito, mais 2 serão nomeados. Aprovando o aumento no número de ministros para 15, nomearia mais 4, totalizando 8, maioria absoluta. Estaria decretada a morte da nossa democracia. Controlando os três poderes, executivo, legislativo e judiciário, a autocracia estaria instalada, e de um regime autocrata para um explicitamente ditatorial é um pulo. Votar em Bolsonaro pode ser a pior coisa que você fará na sua vida, e estudantes do futuro o julgarão por isso, da mesma forma que fizeste com os italianos e alemães do início do século passado. É muito fácil perceber o erro dos outros depois de vermos o resultado. Difícil é ter a sensibilidade de analisar o presente e engolir seu desgosto pelo partido “A” e/ou candidato “B” em prol do bem maior. Ressalto aqui que votar em Bolsonaro não significa que você é fascista, a maioria do povo italiano e alemão também não era. Significa apenas que você foi ingênuo o suficiente para servir de “massa de manobra” de um autocrata, que pretende se perpetuar no poder, matando, assim, a democracia, e prejudicando enormemente o país e o povo. Uma pessoa mal informada que infelizmente contribuiu para tempos sombrios se instalarem. Não seja essa pessoa!
Bolsonaro explora o analfabetismo político, a imaturidade, o ódio e o medo das pessoas para conseguir votos. O que me assombra é a fragilidade de seus argumentos, claramente mentirosos. Alguns beiram a infantilidade. “Lula vai fechar os templos!”, “O Brasil vai virar uma Venezuela, e você vai ter que comer o seu cachorro”, “Vão colocar mendigos pra morar na sua casa”, “Professores darão aula pelados para seus filhos”, dentre outras tantas fake news propagadas por Carlos Bolsonaro e seus tentáculos nos grupos de WhatsApp. Lula governou por 8 anos e o PT governou por 14. Jamais moveram uma palha sequer na direção do comunismo. Por sinal, o governo petista mal pode ser considerado de esquerda. Nenhuma estatização ocorreu, grandes fortunas não foram taxadas, não houve legalização das drogas, a reforma agrária foi muito acanhada, dentre outras evidências. Mas esperar o que de quem acreditou em “kit gay” e “mamadeira de piroca”?! Nada! É por isso que esse texto é um apelo a você que votou em Simone Tebet, Ciro Gomes, branco, nulo, ou não foi votar. Italianos confiaram em Mussolini, alemães em Hitler, portugueses em Salazar, espanhóis em Franco, croatas em Pavelić. Estamos muito próximos de iniciar nosso próprio período neofascista. Não sabemos a proporção das consequências, mas o ato da reeleição de Bolsonaro em si já é o mesmíssimo erro que eles cometeram. Sejamos maiores do que isso! Vamos mostrar ao mundo que o Brasil estuda a história, aprende com ela, e não repetirá seus erros mais lamentáveis, como esses que ocorreram a cerca de um século. Não é pelo Lula! Não é pelo Partido dos Trabalhadores! É pela democracia! Salvem a nossa democracia!
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