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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

APRENDER COM O PASSADO

A humanidade parece incapaz de aprender com o passado. Mas a história está aí, ensinando…

Imagem de WikimediaImages por Pixabay

O ser humano parece destinado a repetir os mesmos erros. Os seus erros, os erros dos pais, os erros cometidos no passado. Somos alunos renitentes, recusamo-nos a aprender. O pior tipo de aluno: aquele que não vê utilidade no ensinamento. A história, porém, é o mais paciente dos professores. Suas lições estão sempre presentes, pra quem quiser ver.


Isso considerado, é impressionante a semelhança entre a conjuntura política que vivemos e a conjuntura da Alemanha, pouco antes da ascensão do nazismo, por volta de 1932. Também naquela época, a Alemanha estava polarizada entre direita e esquerda. Os nazistas, fortes na Baviera; os comunistas em Berlim.


Até 1930 os nazistas eram um partido de pequena expressão. Seu discurso radical não calava no coração dos alemães. O ódio que Hitler destilava era recebido com desprezo. Em 1928, Hitler apostou num discurso catastrofista, pregando o rompimento com os compromissos externos, sob pena de graves problemas econômicos. Mas a Alemanha vinha se recuperando na década de 20. Os graves problemas do pós-guerra ( hiperinflação, desemprego, fome ) vinham sendo paulatinamente superados. Com a economia em ordem, o resultado das eleições foi desastroso para os nazistas, que conseguiram poucas cadeiras no Reichtag, o Parlamento alemão.


As crises, entretanto, tiram pessoas do poder, tanto quanto colocam. Em 1929 a bolsa de Nova Iorque quebrou. E com ela a economia mundial. Para Alemanha, uma economia então frágil, em recuperação, foi catástrófico. Todos os problemas voltaram, assim como voltou o descontentamento popular. Em épocas difíceis, mensagens radicais florescem. Hitler passou de radical incômodo a homem de visão. Assim, o fracassado partido Nazista de 28, tornou-se o segundo maior em 30, disputando o poder com os comunistas ( outra mensagem radical que crescia ).


Para vencer as eleições de 32, Hitler e Goebbels fizeram de tudo, inclusive utilizar as tropas SA, uma ralé de arruaceiros armada, para praticar violências contra qualquer opositor. Os comunistas, em especial, sofreram muito nas mãos das SA. Durante a campanha era possível ver em Berlim - reduto dos comunistas - faixas escritas “Hitler nunca!”. Tudo muito próximo ao que vimos aqui nas últimas eleições, apenas em menor grau de ferocidade.


O resto é história, para aprendermos ou não. Hitler venceu as eleições, tornou-se Chanceler. Com a morte do Presidente Hindenburg, pouco depois, aproveitou-se do incêndio do Reichtag ( provocado, talvez, pelos próprios nazistas ), como pretexto para suprimir os direitos e garantias individuais. Em seguida, utilizou do poder que dispunha e de suas forças paramilitares para perseguir livremente a oposição e instituir uma ditadura. Uma vez ditador, só uma guerra mundial retirou-o do poder.


Se vemos semelhanças entre estas duas cenas da história, o que podemos fazer para que a história não se repita numa versão tupiniquim? Simples. Aquilo que qualquer democrata sempre fará: defender os direitos e garantias individuais do cidadão, não admitindo que sejam relativizados; fortalecer as instituições, confiando nelas; respeitar o Parlamento, ainda que alguns parlamentares não mereçam respeito; aceitar a alteridade, a contraposição de ideias, recebendo com respeito e mente aberta opiniões contrárias; obedecer às decisões finais do Judiciário, mesmo discordando delas. E o mais importante: jamais permitir qualquer tipo de milícia armada, qualquer pelotão disso ou daquilo que pretenda armar a população civil, qualquer força armada fora das instituições vigentes. A este ponto não chegamos aqui. Ainda bem, porque isso é a beira do abismo...

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