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Foto do escritorTião Maniqueu

CPI DA COVID XXII

De novo, o caso Prevent. E os ânimos que se exaltam.


Imagem deJL GporPixabay


Os trabalhos da CPI da COVID, a mais importante CPI da República, considerando sua amplitude e consequências, fechou mais uma semana de trabalho. Exceto o escândalo da Prevent Senior, o padrão foi o mesmo: comprovação escancarada dos escândalos do governo federal na gestão da pandemia, em que se visualizam inúmeros crimes, depoentes que permanecem em silêncio e, com esta atitude conduzem todos à convicção de que são culpados, novos fatos surgindo, a tal ponto que certamente a CPI encerrará seus trabalhos sem poder investigar totalmente o imenso emaranhado em que se constituem as relações espúrias do governo federal na sua gestão da pandemia.


O que houve de novo, foi o caso Prevent Senior, uma empresa de prestação de serviços médicos que adotou procedimentos nada éticos, para não dizer criminosos. Mesmo em 2021, quando a credibilidade do tratamento precoce deveria estar definitivamente sepultada, a Prevent indicava o kit-Covid para qualquer paciente que surgisse com sintomas de COVID-19, mesmo antes de positivá-los mediante o teste. Mais: coagia médicos a receitar o tratamento precoce, sob pena de prejuízo funcional dentro da empresa. Pior: não dava a todos pacientes e familiares conhecimento do tratamento. Tudo isso a Prevent Senior fez, ao que parece, para agradar ao Presidente da República e tentar provar a eficiência das drogas presentes no malfadado Kit-COVID ( cloroquina, ivermectina, etc… ). O médico que depôs pela empresa foi Pedro Batista Júnior, um de seu diretores. Embora seja devido dizer que se portou com galhardia, respondendo a todas perguntas e não perdendo a compostura um momento sequer, fato é que reconheceu vários procedimentos condenáveis: a mudança do CID ( código que identifica doenças ) para não aparecer COVID como causa das mortes, a não autorização pela ANVISA para realizar os estudos que faziam, a insistência de que apenas respeitavam a autonomia do médico ( mesmo pessoalmente reconhecendo que o Kit-Covid é inútil no combate à pandemia ). Parece, assim, ser uma espécie de médico e monstro: quem depôs foi Dr. Jekyll, mas Hyde usava seus pacientes como cobaias.


Também não de todo inusitado, foi o crescimento da temperatura, a troca de ásperas palavras e a farsa do pugilato contido. Tanto o depoimento do Ministro da Controladoria Geral da União, Wagner Rosário ( que se deu na terça-feira, um dia antes de Pedro Batista Júnior ), quanto o depoimento de Danilo Trento, empresário envolvido com a Precisa Medicamentos, foram interrompidos por descortesias, xingamentos e bate-boca. Essas demonstrações de perda de controle dão a ideia da preocupação com que os governistas veem a progressão das investigações.

Wagner Rosário foi convocado a depor como testemunha e saiu como indiciado. Sua convocação decorre da acusação de prevaricação, uma vez que se comprovou que a Controladoria Geral da União tinha ciência de todos os problemas envolvendo a empresa Covaxin e, mesmo assim, nada fez para impedir as negociatas que a mesma empresa efetivou com o Ministérios da Saúde.


Acossado por perguntas, em especial da senadora Simone Tebet ( que tem sido criteriosa nas investigações do caso em particular ), o Ministro perdeu as estribeiras e chamou a senadora de “desequilibrada”. Evidentemente a sessão se tornou em bate-boca que demorou a ser controlado. Ao final ficou evidente que Wagner Rosário cumpre uma função apenas formal, engavetando denúncias e negando-se a denunciar as mazelas da administração pública federal.


Já o depoimento de Danilo Trento foi cansativo como tantos outros em que o depoente valeu-se do direito de ficar calado até a exaustão e exasperação dos senhores ministros. O momento mais acalorado foi uma discussão entre o Senador governista Jorginho Mello ( PL/SC ) e o relator Renan Calheiros. Ambos trocaram vários xingamentos e fizeram o patético espetáculo de brigões que são contidos pelos companheiros, um ridículo baile de pugilato fingido. O Senador Jorginho não se ofende tanto quando é citado o Presidente Bolsonaro. Mas se a acusação visa o empresário Luciano Hang perde as estribeiras. Curioso, isso.


Ao final, a semana mostrou alguma novidade e muito do mesmo. Na passarela da CPI desfilaram mais um picareta ( Danilo Trento ), um prevaricador ( Wagner Rosário ) e o Dr. Jekyll ( Pedro Batista Júnior ). Ah, sim. E muito bate-boca e falta de compostura.


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