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DELEGADO PLÍNIO CONTRA A OKW

Uma aventura do delegado Plínio.


Imagem de Gemini.IA



12. NA IGREJA MATRIZ


Nesta longa estrada da vida

Vou correndo e não posso parar

Na esperança de ser campeão

Alcançando o primeiro lugar



Plínio retirou os tubos do punho e se levantou. Mad Leo, sentado na cadeira, observou-o sem reagir. Ligeirinho, que estava de pé ao lado da porta, aproximou-se da cama, preocupado, e o ajudou a se levantar. Ele se vestiu lentamente, meticulosamente, com a ajuda de Ligeirinho. O velho tira deu o nó da gravata e o ajudou a vestir o paletó. A enfermeira os viu se retirando e esboçou um gesto, mas nada disse. O médico o observava, à distância, sério, também em silêncio. Com o braço numa tipóia, mancando, Plínio entrou no carro, que seguiu lentamente. A Igreja Matriz estava lotada. Os 17 caixões, colocados lado a lado, estavam cercados de amigos e familiares em lágrimas. A multidão abria caminho espontaneamente. Plínio parou em frente ao caixão em que estava Edevaldo. No momento da explosão, Edevaldo estava na carceragem e não fora atingido. Com isso, ele e Maíra puderam sustentar o ataque à delegacia por um tempo suficiente até a chegada da Polícia Militar. Mas ele fora atingido por uma bala e morrera no combate.


Ela estava pálida e sem vida. Todo o frescor da juventude se fora. Seu rosto que era tão cheio de vida e brilhante estava emaciado. Um ramo de flores do campo havia sido colocado em suas mãos delicadas. Um vestido de estampas florais que era um de seus preferidos fora escolhido para o enterro. As irmãs Mari e Meri, de mãos dadas, aflitas e com lágrimas nos olhos, a cercavam. Para a morta não haveria mais dancinhas e canções, não haveria mais risadas e confissões, não haveria mais mensagens no WhatsApp com emojis brincalhões, não haveria mais novas bebidas a serem experimentadas pela primeira vez, não haveria mais viagens às cidades vizinhas, passeios ao rio, fogueiras ao anoitecer à luz do luar, não haveria mais canções melancólicas inundando o coração com sentimentos nunca vividos e ansiados.


Não haveria mais mãos dadas olhos nos olhos. Não haveria mais o sentimento cálido a unir dois corações. Não haveria mais o lento desabrochar do desejo contido e pronto para explodir. Não haveria mais o corpo ardente de desejo unindo-se a outro corpo. Não haveria mais o adormecer lado a lado, o despertar na noite aconchegante, o amanhecer iluminando o corpo amado, o cheiro de café inundando uma casa que é um lar. Não haveria lar, não haveria um ser amado.


Aquela mulher tão procurada e após tantos desencantos finalmente encontrada se fora. A fulgurante sensação de pertencimento a um novo mundo, tão desconhecido, mas tão familiar; de voltar para a casa que não sabia que existia, mas era sua casa; de explorar um novo continente e a cada montanha ou vale majestoso rever a pessoa amada; a cada dia, a cada noite, a cada momento, saciar a sede na fonte onde todas as emoções nascem e se desenvolvem; tudo se perdera.


Ela estava inerte e sem vida. Ana Lúcia se fora. Plínio estava só.


 

Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos e pessoas são mera coincidência. O site não se responsabiliza pelos desatinos do autor. A  publicação poderá ser interrompida a qualquer momento, caso o autor morra de morte morrida ou matada ou seja internado por insanidade mental. Toda terça-feira, neste site, um novo capítulo.   




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