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DELEGADO PLÍNIO CONTRA A OKW

Uma aventura do delegado Plínio.


Imagem de gemini.ia



17. EPÍLOGO

KURSK, JULHO DE 1943



O Coronel Kempft é saudado por luzes antes de morrer na batalha de Kursk.



O coronel Kempft e o general Manstein sentaram à sombra de uma árvore, isolados, descansando após um dia exaustivo em que haviam inspecionado as tropas que se preparavam para a ofensiva em Kursk. Como esperado, Oberst Kempft tinha a sua tropa em estado de máxima prontidão. Ele era um protégé do general, que frequentava a propriedade rural dos Kempft desde os tempos em que era um jovem tenente servindo sob as ordens do general Kempft, pai do agora jovem coronel. Kempft falou de suas dúvidas sobre a iminente ofensiva. A demora em atacar permitira que os russos se preparassem para a batalha. Seus grupos de reconhecimento haviam detectado três cinturões defensivos preparados para a chegada dos exércitos alemães. Casamatas, campos minados, armadilhas antitanques os aguardavam. E eles não sabiam o que havia além de Kursk. Não seria um passeio, como havia sido na França e na invasão da Rússia, dois anos antes.


- Este exército russo não é o mesmo de 1941. Teríamos chance de sucesso três meses atrás, quando eles não estavam preparados. Vamos vencer, mas a um custo enorme.


O general sabia do que ele estava falando, e disse filosoficamente, com a familiaridade de um mentor a um discípulo brilhante:


- Aqueles que os deuses querem destruir, primeiro enlouquecem.


***


Após uma semana de batalha, a tropa de Kempft tinha avançado alguns poucos quilômetros. Mesmo os novos tanques com a super blindagem que devastava à distância os tanques russos, estavam enfrentando dificuldade. A blindagem frontal os protegia dos tanques russos, mas a blindagem lateral, menos espessa, poderia ser destruída. Dessa forma, a batalha logo se transformava em uma melè de tanques, russos e alemães engalfinhados como em uma briga de gangues de rua, os russos manobrando com celeridade para obter uma distância de tiro que os permitisse destruir a blindagem lateral e traseira dos novos tanques alemães.


O coronel Kempft observou uma de suas formações, reduzida à metade, com os homens exaustos e quase sem munição desistindo de alcançar a colina designada como alvo. Ele não permitiria a retirada. A colina seria sua, custe o que custar. Ele ordenou pelo rádio aos homens que avançassem, e foi pessoalmente à frente do destacamento. Os homens retomaram o ânimo e seguiram seu comandante. No alto da colina, finalmente atingida, ele observou, abaixo, o rio e a cidade de Kursk, alguns quilômetros à frente, quase ao alcance da mão. Tomada a cidade, o caminho estaria aberto para a vitória. Neste momento uma explosão o atingiu e ele caiu.


Ele teria a morte de um militar prussiano, como fora educado, e como querem os deuses de Valhala, pensou. A fumaça dos tanques em chamas, o ruído ensurdecedor dos disparos e dos motores em movimento, tudo se confundiu com a lembrança dos dias da infância na propriedade rural em que fora criado. Os folguedos de verão, as caminhadas no bosque coberto pela neve no inverno, as canções natalinas, o cheiro dos estábulos, foram a sua última lembrança.


Um pouco antes de morrer viu luzes rápidas se deslocando em várias direções em meio à fumaça e às nuvens de poeira levantadas pelo movimento das centenas de tanques que se digladiavam na planície. O deus da guerra estava saudando sua chegada, pensou.


***


O general Manstein o levou ao jardim que rodeava o hospital. Foram lentamente, com o paciente se apoiando na bengala. Pelo resto da vida ele usaria uma bengala e um tampão no olho esquerdo. Mas sua mente ainda estava intacta. Manstein o atualizou sobre o estado da guerra. Os russos haviam recuperado a Ucrânia, a Polônia estava em suas mãos, e o Exército Vermelho já estava na fronteira com a Alemanha. A derrota final era uma questão de tempo. Hitler estava isolado em um bunker, surdo aos conselhos dos generais. A derrota era inevitável, e eles estavam planejando o próximo passo. Um enorme tesouro de guerra, confiscado em toda a Europa, havia sido transferido para a Suíça com o objetivo de financiar as atividades de recuperação do país derrotado. Recuperado, Kempft deveria seguir para a Suíça e chefiar o núcleo da organização. Eles nunca mais se veriam. Manstein morreria na defesa de Berlin. Kempft estaria na Suíça, recrutando oficiais e soldados e organizando a ida de sua tropa para a Argentina, o local onde estabeleceriam sua primeira base. A Europa se tornara muito perigosa para eles.


***


Naqueles anos, muito havia sido feito. Os homens plantados na Bolívia, na Argentina e no Brasil transformaram-se em seus agentes fiéis. Muitos eram soldados e oficiais que tinham servido com ele e o conheciam e admiravam. Eles foram instruídos a se mimetizar nas comunidades locais e aguardar o momento em que se juntariam ao grande exército de Hitler. Kempft há muito passara o bastão de comando para o seu filho, que adotara o nome de Heinz Müller. Ele tinha confiança que seu trabalho não seria desperdiçado. Heinz era sangue de seu sangue, e sabia que oitocentos anos de tradição guerreira o acompanhavam. Eles se encontrariam em Valhala e fariam parte da corte do grande Frederico II. Morreu pacificamente, em seu quarto, olhando para os vastos campos em que tinham se estabelecido. Mas desta vez não viu as luzes de Kursk. Ele não sabia, mas as luzes há muito tempo passaram a acompanhar sua neta, a nova chefe da organização. Ela tinha sido escolhida pelos deuses do espaço. Ingrid Müller terminaria a obra de conquista do mundo que o coronel Kempft começara.


FIM DA SEGUNDA PARTE (continua)


Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos e pessoas são mera coincidência. O site não se responsabiliza pelos desatinos do autor. A  publicação poderá ser interrompida a qualquer momento, caso o autor morra de morte morrida ou matada ou seja internado por insanidade mental. Toda terça-feira, neste site, um novo capítulo.   




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