Uma republicação de um poema de Manuel Rosa de Almeida sobre o fluir da vida e a consciência do tempo.
A vida é constante despedida...
Despeça-se da infância, dos brinquedos
Dos sonhos saborosos e coloridos
Das surpresas, dos sustos e medos
O mundo inteiro em risos divertidos.
Despeça-se também da juventude
Dos arroubos tolos do coração
Do tempo em que “tudo pude”
E da ansiedade que há na paixão.
Aproveite para despedir-se dos amigos
Que você perde inexoravelmente
Por força do orgulho ou da ampulheta.
Aceite a perda dos prazeres
Aromas de flores, sabores de figos
Os ouvidos, a visão, lentamente
Se vão. Até mesmo o sentir da silhueta.
E que dizer de perder os dizeres?
Finalmente, aprenda a despedir-se
De todos que um dia chamou seus.
Se a vida é despedida, ir-se
Aprenda a dizer adeus.
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