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Foto do escritorTião Maniqueu

FORA BOLSONARO!

Com seu protesto, a jogadora de vôlei de praia, Carol Solberg, está pagando um preço alto por ter opinião e atrever-se a expressá-la.


Imagem de Roman Möseneder por Pixabay



Circuito nacional de vôlei de praia, etapa especial em Saquarema. Após a premiação, a atleta Carol Solberg, que ganhou a medalha de bronze, em entrevista à rede SportTV ergue o braço e grita: fora Bolsonaro! E a partir daí vê-se perseguida pelas mídias sociais e pela buro/burrocracia do esporte.


Carol Solberg é filha de ninguém menos que Isabel, um ícone do vôlei feminino brasileiro. A manifestação da atleta se deu, conforme explicou depois, por conta das queimadas no Pantanal e na Amazônia, pela política de perseguição aos povos indígenas, pelas mortes na pandemia, pelo desprezo do governo Bolsonaro com a educação e cultura. Alguém pode sinceramente achar que ela não tem motivos para protestar?


Ainda assim, Carol Solberg foi denunciada por ter supostamente infringido os artigos 191 e 258 do CBJD - Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Não é preciso ser advogado para entender que a denúncia é pra lá de forçada. Vejamos o que dizem os artigos que supostamente embasam a denúncia:



Art. 191 - deixar de cumprir, ou dificultar o cumprimento de regulamento, geral ou especial, de competição;


Art. 258 - assumir qualquer conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva não tipificada pelas demais regras deste Código à atitude antidesportiva.



O art. 191 somente é usado em função do art. 258, por entender o denunciante que a atleta descumpriu um artigo do CBJD. É portanto acessório, desnecessária sua análise. O art. 258 é uma porta aberta para este tipo de repressão. Afinal, é extremamente amplo e subjetivo. Qualquer conduta não tipificada pelas demais regras deste Código? Brincadeira… parece uma norma pensada em tempos de ditadura para forçar conformidade.


O autor desta façanha é o Subprocurador Geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Wagner Dantas; alguém com ideias pequenas ou disposto a cortejar os poderosos de plantão. Certamente alguém que nada entende de liberdade de expressão. A expressão é forte, ninguém nega, claramente política. Alguns até podem defender o argumento de que o palco não é adequado ( no que discordo ), mas de modo algum Carol Solberg ofendeu a honra do Presidente da República, o mesmo Presidente que mês passado ameaçou um jornalista dizendo querer encher sua boca de porrada, expressão que foi considerada ok pela Procuradoria Geral da República.


A liberdade de expressão ainda é assegurada neste país. As pessoas têm o direito de expressar suas opiniões políticas, duras que sejam, desde que o façam sem insultos, sem mentiras. Foi exatamente o que Carol Solberg fez. E, se ela é uma atleta, o melhor palco para expressar seus pensamentos é numa quadra, durante uma entrevista, após receber uma medalha de bronze.


Felizmente o Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, assumiu em pessoa a defesa de Carol Solberg. Penso que ela precisa preocupar-se menos com este processo e mais com as agressões e baixarias que certamente virão nas redes sociais. Quanto ao senhor Wagner Dantas, sugiro despir-se deste comportamento áulico e fazer adequadamente seu trabalho. Cartolas estão aí cometendo desatinos, destruindo o esporte, ofendendo pessoas. E o senhor Subprocurador Geral está fazendo o quê?


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