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GIRANDO EM TORNO DO PRÓPRIO EIXO

Se terei alívio ao final, eu é que não sei


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Imagem de Geminni IA.




A lua tem pesado uma tonelada sobre meus ombros, girando na mesma vibração que minhas angústias, a me esmagar. E é claro que, se erguer os olhos ao céu, não verei a lua, porque, em metáfora e verso, tenho-a aqui, no lugar dos músculos dos ombros. Por causa disso, rasgo meus nervos ao meio, na busca pelo ponto que deve ser curado, a raiz da dor, mas, ora, a conclusão universal, a causa vem mesmo do invisível, do microscópico embate dos sentimentos.


Aqui, existem os pensamentos, as vontades e as potências de tudo que há de se formar e tudo o que jamais chegará à vida. Recolho em meus braços as várias caixinhas de experiências, memórias e pesares, as quais me foram dadas por pessoas, por monstros, por anjos e pelas milhares de santíssimas trindades dos meus versos tristes. 


Se terei forças, disso ninguém sabe; se terei alívio ao final, eu é que não sei; se trarei aos meus próprios olhos imagens bonitas e aos meus ouvidos um silêncio calmo, como uma manta aveludada sobre a pele, ora, também disso não haverá certeza, pois o mundo continua sendo frágil e inconstante. E, veja: de tão fino o equilíbrio e de tão caótica a constância, todos nós tomamos o incerto como se fosse certo; concebemos a realidade como se fosse durar para sempre. Ao virar os meus olhos para encontrar os seus olhos vislumbro tudo isso em dois segundos ou menos. Esse olhar não tenho como certo, é até mesmo um milagre tê-lo assim, num instante. Ao final, recolho minha insignificante imagem de mim mesma e a jogo pela janela, pois não mais me serve.

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