Um poema de Arthur Virmond de Lacerda Neto
Imagem de PIYA BO-NGULUAM por Pixabay
Mil vezes me quiseste tu, mil vezes quis-te eu. Mil vezes, se te lembrasses de mim, então mil vezes não me esquecera eu de ti. Mil vezes, se me recusasses: Não te quero !, então, mil vezes haver-te-ia dito: Quero-te eu ! Mil vezes, se tomasses rumos, então, mil vezes quereria que todos a ti me conduzissem. Mil vezes, se houvesses saudades de mim, então, mil vezes tê-las-ia eu tido antes de ti. Mil vezes, se me fosses sincero, então mil vezes escutar-te-ia. Mil vezes, se me abraçasses, então mil vezes abraçar-te-ia eu. Mil vezes, se me aguardasses, então mil vezes ser-te-ia infalível. Mil vezes, se me procurasses, então mil vezes encontrar-me-ias. Mil vezes, se me acarinhasses, então mil vezes acarinhar-te-ia. Mil vezes, se desses-me atenção, então mil vezes ser-te-ia grato. Mil vezes, se chorasses por mim, então mil vezes consolar-te-ia. Mil vezes, se te visses comigo, então, mil vezes vir-me-ia eu contigo. Mil vezes se me quisesses a mim, então, mil vezes dar-me-ia eu a ti. Mil vezes, se passasse-te o tempo, então mil vezes quisera que passasse o meu contigo. Mil vezes, se me deixasses, então mil vezes entristecer-me-ia. Mil vezes, se me desses tua amizade, então, mil vezes ser-te-ia eu amigo. Mil vezes, se te despedisses de mim, então, mil vezes esperançar-me-ia em rever-te. Uma vez me deste adeus e mil vezes senti-me sozinho. Uma vez, se te reconciliasses, então, mil vezes alegrar-me-ias. Uma vez, se fosse-te eu importante, então, mil vezes ser-mo-ias tu. Uma vez me desesperançaste de teu amor, então mil vezes quis-te a amizade. Uma vez me negaste: Amor, não !, então, mil vezes esperancei-me: Amigos ? Uma vez me asseriste: Amigos, então, mil vezes confirmei-te: Sim ! Uma vez, se me afirmasses: Então, continuemos, então, mil vezes exclamaria: Avante ! Uma vez, se me dissesses: Procura outro amor, então, mil vezes cismaria: Onde ? Uma vez, se me respondesses: Onde houver outro como eu, então, mil vezes objetar-te-ia: Nenhum outro és como tu. Uma vez, se me replicasses: Nenhum outro foste-me como tu, então, mil vezes insistiria: Então, dá-me novamente teu amor. Uma vez, se me redargüisses: Sim !, então, mil vezes rejubilar-me-ia: Sempre te quis ! Uma vez, se me confessasses: Também eu !, então, mil vezes indagar-te-ias: Por que te me negaste ? Uma vez, se me explicasses: Minha vida era já outra, então, mil vezes ponderar-te-ias: Fosse-o a dois. Uma vez, se me indagasses: E se impossível ?, então, mil vezes conformar-me-ia: Então, o possível: amigos. Moralidade: findam os amores: convertam-se em amizades, e durem.
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