Um poema de Manuel Rosa de Almeida sobre o fim dos tempos...
Imagem dePete LinforthporPixabay
O vírus é tão somente
Gordura envolvendo proteína
Mas tem poder suficiente
Para alterar nossa rotina.
O vírus é apenas
Proteína envolta em gordura
Mas ceifa vidas às centenas
E abala nossa cultura.
O vírus é um democrata
Não discrimina pobres e ricos
Nem sexo, nem preferência
Favelado ou diplomata
Ingênuo ou cínico
Próspero ou em falência.
O vírus é vendaval
Estremece a política
Abala a economia
Cancela o festival
Acirra a crítica
E ainda há empatia...
O vírus é minha previsão
Para o nosso armagedom
Antes de engolir-nos o sol
Do meteoro em colisão
Da bomba e seus megatons
Será ele nosso arrebol.
O virus virá montando,
Todos os quatro cavalos,
A terra lancetando
Consumirá todos vassalos
E todos reis derrubando
Neste tempo não haverá galos
Nem pássaros cantando
Não haverá poder ou amizade
Nem pessoas amando
Apenas a necessidade
De um ciclo terminando.
O vírus é em verdade
Gordura envolvendo proteína
Cumpre sereno a sina
De destruir a humanidade.
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