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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

REFORMA DO ENSINO JÁ

Por mais que a reforma do ensino médio proposta seja motivo de muitas críticas, é inegável que o currículo escolar não pode ser deixado como está e pretendemos apresentar nossas razões para discuti-la e protestar por ela.




Há algo de muito errado quando é a juventude que defende o status quo. Afinal jovem deveria ser sinônimo de mudança, de rebeldia, de protesto ( mesmo que sem causa ). Por isso acho esquisito se muitos jovens juntam-se às vozes conformistas e acomodadas para impedir a reforma do ensino médio.


Há anos/décadas a juventude deveria ir às ruas postulando pela reforma do ensino - do médio, talvez, mais que todos. O ensino no Brasil é fraquíssimo, todos os sistemas de avaliação confirmam esta triste realidade. Portanto, a reforma é indispensável. Assim, é possível discutir que tipo de reforma queremos, mas jamais pretender impedi-la.


Comecemos pelo que se ensina… Se você perguntar a qualquer pessoa com mais de trinta anos sobre os conteúdos aprendidos no ensino fundamental ou médio - Matemática, Português, História, Ciências e Geografia - receberá de TODAS as pessoas a mesma resposta, ou variantes dela: não lembro, nunca usei, não me serve pra nada… Isto é, consumimos nove anos do fértil tempo de nossas crianças para lançar sementes estéreis. A razão disto está em visar conteúdos que deveriam ser de especialistas, aprendidos no ensino superior.


Por exemplo: na Matemática não se devia ensinar análise combinatória, matrizes, derivadas, logaritmos e outros conteúdos mais profundos, exceto na universidade. Deveríamos focar no raciocínio matemático, na lógica, noções de geometria e trigonometria, ensinamentos simples como as quatro operações, proporções e regra de três. Em História seria importante tratar da própria comunidade e da História do Brasil. Quanto ao resto do mundo, apenas os fatos básicos, tratados conjunturalmente, para entender o que estava ocorrendo nos mais diversos pontos ao mesmo tempo.


Claro, o espírito corporativo torceria o nariz para ideias como esta, no fundo preocupados com mercado de trabalho e interesses próprios. Tampouco sou especialista nestas áreas para me atrever a definir o que ensinar. O que interessa é a ideia: deixar a profundidade para o ensino superior. Focar em conteúdos essenciais nestas áreas do saber, para tratar do que realmente importa.


A verdade é que hoje buscamos oferecer muito conteúdo, esquecendo de ensinar o essencial: pensar, ler, escrever e falar em público. É incrível dizer, mas quase nada disso ensinamos aos nossos estudantes ao longo de nove anos! Por isso é comum encontrarmos pessoas que detestam livros; outras que simplesmente não conseguem fazer uma palestra, ainda que tenham tempo para preparação; profissionais que não conseguem escrever de forma minimamente coerente e inteligível; seres humanos que não raciocinam com clareza e tomam decisões baseadas neste confuso raciocínio.


Podemos discutir o conteúdo da reforma, mas não a sua necessidade. Reconhecemos que o ser humano é corpo/mente ( deixemos o espírito para outra ocasião ). Daí a importância, por exemplo, do ensino de Filosofia ( aprender a pensar ) e a indispensabilidade da Educação Física. Mas convenhamos… Não a Filosofia da maneira que se ensina por aí, menos ainda inutilidade da Educação Física que se oferece por aí. A Educação Física é tão menosprezada atualmente e de tal forma desprezada por seus próprios profissionais que precisaríamos de um artigo somente para tratar deste assunto.


Por isso peço aos jovens… Investiguem o quanto seus pais guardaram do que aprenderam no ensino fundamental e médio, quais conteúdos aprendidos consideram úteis. E depois venham às ruas, não para impedir a reforma, mas para discuti-la e protestar por ela.

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