Tão jovem, tão frágil…
Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
É muito triste perceber quantos ataques a democracia vem sofrendo em nosso país e como são tímidas as reações a tais ataques. Desde o princípio do desgoverno Bolsonaro, nossa jovem democracia foi insultada, desrespeitada de várias formas e constantemente ameaçada. Foram as manifestações antidemocráticas que postulavam pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, que defendiam o AI-5 e o retorno aos tempos da ditadura. Estas manifestações contaram sempre com um sorridente Bolsonaro, inúmeros ministros e personagens militares.
Ao longo de seu desgoverno, Bolsonaro escandalizou a nação com inúmeras demonstrações de mau comportamento. Mas é importante destacar suas invectivas contra a imprensa, utilizando palavras de baixo calão e atacando grosseiramente os seus profissionais ( com uma preferência misógina e covarde em atacar mulheres jornalistas ). Com isso, Bolsonaro completa a tríade tradicional dos ataques à democracia: investir contra o Legislativo, o Judiciário e a imprensa livre.
Ontem recebemos a notícia de que o Ministro da Defesa uniu-se diretamente a estes ataques, fazendo ameaças ao Poder Legislativo, dizendo que se o malfadado voto escrito não passar no Congresso, não haverá eleições. Em qualquer democracia sólida ele seria afastado do cargo e responsabilizado pessoalmente. Afinal não se deveria atacar princípios democráticos impunemente. Aqui pode, Bolsonaro faz isso rotineiramente.
Como sempre, após as reações de instituições, autoridades e imprensa, há os desmentidos, a ladainha hipócrita de que todos respeitam a democracia e seus valores. Quem ainda acredita nisso? Vivemos à sombra de uma conspiração, observamos os atos preparatórios do crime a ser perpetrado, sentimos desamparo ante o silêncio daqueles que detém a força das armas e nos perguntamos angustiados: até quando?
Penso que, infelizmente, conviveremos com isso até novembro/dezembro de 2022. O golpe, longamente gestado, terá seu parto de sangue em novembro ou dezembro de 2022. A fórmula é previsível, pois é a repetição de outras aventuras fascistas, tanto das mal como das bem sucedidas. Bolsonaro não reconhecerá a derrota nas urnas. Ele vem plantando a dúvida sobre a legitimidade das eleições na cabeça dos desmiolados há muito tempo… Em seguida ele liberará seus cães raivosos nas ruas, todos armados por seus decretos facilitadores… Depois as polícias irão aderir a este movimento insano… E nos restarão as forças armadas. Que ainda não se posicionaram. Que continuam em postura de esfinge. Isso é realmente angustiante...
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