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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

RUBAIYAT

Recomendação de leitura


Da antiga Pérsia para o presente.


Imagem de Cyruscarfts.


Omar Khayyan - filho de um fabricante de tendas que chegou a próximo conselheiro do Sultão da Pérsia - foi poeta, matemático e astrônomo. Cedo Khayyam entendeu que não era possível entender nada. A vida não possuía sentido e tampouco fazia sentido perquirir pelo sentido da vida.


Nenhum poder sobre o destino

Te foi dado, sabes. Portanto

Que adianta a ansiedade em que ficas

Pela incerteza do amanhã?


Então, se és um sábio, procura

Tirar do momento presente

O maior proveito possível.

O futuro o que te trará?


Rubaiyat é o nome que se dá à coletânea de poemas que Omar Khayyam publicou no início do Século XII ou fins do Século XI. Os poemas e a sabedoria neles contida sempre foi apreciada na Pérsia, mas somente se fizeram conhecidos no ocidente na segunda metade do Século XIX, quando algumas traduções se popularizaram na França e na Inglaterra, como uma reação ao moralismo afetado da era vitoriana.


Khayyam era um epicurista agnóstico. Entendia que tudo era mistério. O mistério devia ser aceito e não investigado. O mundo aceito e não investigado. Abraçar o que de bom havia, em especial o vinho e as mulheres, enfrentando tranquilo quaisquer adversidades. Tudo o mais seria pretenso e vão.


Os doutores e os sábios mais ilustres

Caminharam nas trevas da ignorância

O que não impediu que na vida fôssem

Tidos por luminares do seu tempo.


Que fizeram? Pronunciaram

Algumas frases confusas

E depois adormeceram

Para toda a eternidade


Se a vida é curta, cindida entre dor e prazer, vamos fruir do prazer, suportar a dor e não causá-la a nenhum ser. Seja indulgente com a fraqueza dos outros, em especial com a bebida e as mulheres. Não ame mulher alguma, tampouco seja amado. Viva. Beba. Despreze o julgamento alheio.


Sono sobre a terra

Sono sob a terra

Sobre e sob a terra

Corpos estendidos.


Nada em toda parte

Deserto do nada.

Homens vem chegando.

Outros vão partindo.


Na primeira vez que li Rubayyat eu era jovem, impregnado de arrogância e autossuficiência. Desprezei o que interpretei como preguiça e dissipação. Hoje, bem mais velho, posso entender Khayyam sem maior dificuldade e apreciá-lo, mesmo sem abraçar completamente seu pensamento.


Não deixer de colher os frutos

Que a vida te oferece. Corre

A todos os festins e escolhe

As copas que forem maiores.


Não creias que Deus leve em conta

Os nossos vícios e virtudes

Nunca desprezes qualquer coisa

Que te possa fazer feliz.



Rubaiyat de Omar Khayyam pode ser lido nas Edições de Ouro da Tecnoprint Gráfica - edição de 1968. Você pode consegui-la em algum sebo ou na internet. Esta publicação conta com o luxo de uma tradução para o português por Manuel Bandeira ( e ainda uma versão em espanhol ).

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