Recomendação de leitura
Da antiga Pérsia para o presente.
Imagem de Cyruscarfts.
Omar Khayyan - filho de um fabricante de tendas que chegou a próximo conselheiro do Sultão da Pérsia - foi poeta, matemático e astrônomo. Cedo Khayyam entendeu que não era possível entender nada. A vida não possuía sentido e tampouco fazia sentido perquirir pelo sentido da vida.
Nenhum poder sobre o destino
Te foi dado, sabes. Portanto
Que adianta a ansiedade em que ficas
Pela incerteza do amanhã?
Então, se és um sábio, procura
Tirar do momento presente
O maior proveito possível.
O futuro o que te trará?
Rubaiyat é o nome que se dá à coletânea de poemas que Omar Khayyam publicou no início do Século XII ou fins do Século XI. Os poemas e a sabedoria neles contida sempre foi apreciada na Pérsia, mas somente se fizeram conhecidos no ocidente na segunda metade do Século XIX, quando algumas traduções se popularizaram na França e na Inglaterra, como uma reação ao moralismo afetado da era vitoriana.
Khayyam era um epicurista agnóstico. Entendia que tudo era mistério. O mistério devia ser aceito e não investigado. O mundo aceito e não investigado. Abraçar o que de bom havia, em especial o vinho e as mulheres, enfrentando tranquilo quaisquer adversidades. Tudo o mais seria pretenso e vão.
Os doutores e os sábios mais ilustres
Caminharam nas trevas da ignorância
O que não impediu que na vida fôssem
Tidos por luminares do seu tempo.
Que fizeram? Pronunciaram
Algumas frases confusas
E depois adormeceram
Para toda a eternidade
Se a vida é curta, cindida entre dor e prazer, vamos fruir do prazer, suportar a dor e não causá-la a nenhum ser. Seja indulgente com a fraqueza dos outros, em especial com a bebida e as mulheres. Não ame mulher alguma, tampouco seja amado. Viva. Beba. Despreze o julgamento alheio.
Sono sobre a terra
Sono sob a terra
Sobre e sob a terra
Corpos estendidos.
Nada em toda parte
Deserto do nada.
Homens vem chegando.
Outros vão partindo.
Na primeira vez que li Rubayyat eu era jovem, impregnado de arrogância e autossuficiência. Desprezei o que interpretei como preguiça e dissipação. Hoje, bem mais velho, posso entender Khayyam sem maior dificuldade e apreciá-lo, mesmo sem abraçar completamente seu pensamento.
Não deixer de colher os frutos
Que a vida te oferece. Corre
A todos os festins e escolhe
As copas que forem maiores.
Não creias que Deus leve em conta
Os nossos vícios e virtudes
Nunca desprezes qualquer coisa
Que te possa fazer feliz.
Rubaiyat de Omar Khayyam pode ser lido nas Edições de Ouro da Tecnoprint Gráfica - edição de 1968. Você pode consegui-la em algum sebo ou na internet. Esta publicação conta com o luxo de uma tradução para o português por Manuel Bandeira ( e ainda uma versão em espanhol ).
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