O cronista volta para casa. Curitiba, província, cárcere, lar.
Imagem de Curitiba.
Depois de tantas semanas acompanhando a trupe do Grande Circo Americano, volto às amenidades curitibanas. E me deparo com ótimas notícias, que me apresso a partilhar com os nossos leitores (os sete, fora a mulher do Publisher. Esta não conta, pois lê o blog em nome da paz conjugal). Curitiba, como sempre, faz jus ao simpático apelido de Cidade Sorriso (ou Terra das Capivaras). É uma terra acolhedora, em que queridas descendentes de alemães cozinham deliciosas tortas, acolhedores nipônicos fritam deliciosos pastéis, e onde russos e ucranianos confraternizam entre goles de uma boa cerveja e bocados de delicioso borsch. Os vizinhos, cordiais, partilham xícaras de açúcar com os vizinhos necessitados. Enfim, um paraíso, a Terra de Todas as Gentes, como já disse um músico da terra. Vamos às notícias.
Deu na Tribuna do Paraná: “Homem tem ataque de fúria, destrói carros e ameaça motoristas com machado em Curitiba”. No Contorno Norte, próximo a Almirante Tamandaré (alô povo de Tamandaré!), um cidadão enfurecido saiu do carro com um machado e começou a destruir os carros ao lado, depois de uma discussão com um outro motorista. Este, por sua vez, estava armado com um pedaço de cano.
Fazendo jus à nossa fama de gente cordial, não houve mortos nem feridos. Não se sabe se a polícia apareceu, ou se houve alguém preso. Os carros destruídos pelo motorista furioso seguiram viagem, guiados por motoristas desconsolados.
Na Banda B, leio que um motorista, pacificamente parado no sinaleiro da Cruz Machado com a Ébano Pereira, na manhã do feriado do dia 15 de Novembro, teve o carro abalroado por um outro veículo. O motorista abalroador viu o acidente e foi dormir no carro. E continuou dormindo após a chegada da polícia e continuou dormindo na ambulância que chegou algum tempo depois. Dizem os jornais que ele estava levemente alcoolizado. Mas este é um detalhe. Importante é que o motorista fez jus à fama dos habitantes da terra. Curitibano não fala com estranhos.
A ótima Eloá Cruz, do Rango Barateza, coluna publicada na Tribuna, que tem por ofício jornalístico garimpar jóias gastronômicas populares, visitou o Restaurante São Francisco, que fica na Rua São Francisco. Conversou com Valentin Muinõz Vasques, que toca o negócio. Valentin introduziu no cardápio do restaurante o Puchero, um tradicional cozido espanhol. Haja coração! O cozido traz, entre outras delícias, um eisbein que se deve comer de joelhos, em agradecimento à existência de Deus. Valentin (e o São Francisco) é um dos patrimônios da cidade e um dos motivos que nós nos sentimos em casa. Curitiba recebeu seu pai em 1955, e em troca ele nos deu um pouco de felicidade diária. Obrigado, Valentin.
Há vídeos no Youtube mostrando o Furioso do Machado e o Sonâmbulo da Cruz Machado. O Rango Barateza você encontra na Tribuna do Paraná. Eloá Cruz é o máximo. Tem três estrelas no meu Guia Michelin de Famintos e Desesperados. Às vezes Curitiba é mais lar e menos cárcere. Avante, capivaras!
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