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Diogo, o menino de ouro de Cambira

Diogo Vieira dos Santos de Cambira, mostra orgulhoso as medalhas que conquistou.

 

Quem chamou minha atenção foi Rosane Barbosa, professora de Cambira. Um garoto, Diogo Vieira dos Santos, de 18 anos, estudante do Colégio Cívico Militar Rosa Delúcia Calsavara, havia ganho a medalha de ouro nas Olímpiada Brasileira de Matemática do Ensino Público. De quebra, havia passado no vestibular da Fundação Getúlio Vargas – um dos mais disputados do país -, ganhando uma bolsa de estudos integral, que cobre as mensalidades, moradia e auxílio financeiro.


Cambira, a Capital Estadual do Café, abriga também um medalhista de ouro da OBMEP
Cambira, a Capital Estadual do Café, abriga também um medalhista de ouro da OBMEP

Cambira, uma pequena cidade de nove mil habitantes, a meio caminho de Apucarana e Jandaia do Sul, possui 99,5% da população entre 6 e 14 anos na escola, e um PIB per capita 35 mil reais (dados do IBGE), abaixo do brasileiro, que é de 55 mil reais, mas a cidade é aprazível, bem cuidada, e não sofre das mazelas comuns às cidades brasileiras – estas que são visíveis a olho nu. Basta circular pela cidade para ver.


A escolarização em massa garante que o futuro de suas crianças será melhor do que hoje. É a Capital Estadual do Café Gourmet, um título que é motivo de orgulho para a cidade. O governador Ratinho Jr chegou a postar uma foto nas redes mostrando um café lá produzido. Como o governador é da vizinha Jandaia do Sul, ele tem uma forte conexão emocional com a região.


A OBMEP - Olímpiada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas - é organizada pelo IMPA – Instituto de Matemática Pura e Aplicada – com apoio do MEC. O IMPA é um dos raros centros de estudos e pesquisa do Brasil. A edição deste ano mobilizou mais de 18 milhões de estudantes da 6.ª série ao 3.º ano do ensino médio. O Paraná participou, e levou centenas de medalhas no certame, segundo a Secretaria de Educação.


O Jornal Nacional noticiou a festa da ciência entre os jovens.

Diogo ganhou a sua medalha de ouro na edição de 2023, um evento que ocorreu em Florianópolis. Um vídeo documentando sua viagem está no Youtube, feito por seu amigo Henrique.


É um ótimo vídeo, feito por um jovem, para jovens, em linguagem e estética juvenil – fez um grande sucesso entre os estudantes que participaram ou pretendem participar das Olímpiadas – 52 mil visualizações. Vale a pena assistir.


Vendo-o, você entende a importância da OBMEP entre a garotada e para o próprio Diogo. É uma jornada de um jovem recheada de primeiras descobertas: o primeiro avião, o primeiro hotel de luxo, o primeiro aeroporto (de Curitiba), as novas amizades instantâneas que a juventude e um interesse comum trazem, a vida em toda a plenitude. Lembra Huckleberry Finn, que ao conhecer o mundo, descobre sua própria identidade. É emocionante.  


Escrevi, com base em informações trazidas por Rosane Barbosa e Jeferson Genari, professores do Colégio Rosa Delúcia Calsavara, de Cambira. Abaixo, excertos da conversa com Diogo Vieira dos Santos.


Hatsuo Fukuda


PAI E MÃE


Diogo Vieira dos Santos e sua orgulhosa mãe, Roze.
Diogo e sua orgulhosa mãe, Roze.

Eles sempre ficaram extremamente orgulhosos e muito felizes. O meu pai José Domingos, falava que eu deveria continuar nesse caminho, que eu deveria estudar para ter um futuro bom (diferente dele, que sentiu o peso da enxada). A minha mãe, Roze, tinha uma reação parecida e sempre me incentivou demais a continuar estudando, até porque ela também não teve condições boas (foi diarista a vida toda).

Dava pra ver que eles sentiam um "eu criei meu filho da forma certa, olha aonde ele chegou".


MATEMÁTICA


Diogo Viera dos Santos: Sempre fui bom em matemática, desde bem novo.
O aniversariante Diogo, seu pai José Domingos e seu sobrinho. "Sempre fui bom em matemática, desde bem novo".

Sempre fui bom em matemática, desde bem novo. Me lembro de explicar, lá na casa da minha vó, que mil mil era igual a um milhão para um pessoal mais velho.


Desde novo fui incentivado pelos meus professores e parentes a ir bem nas provas. Eu também adorava resolver as situações problemas nas aulas do fundamental.


Durante a pandemia, perdi um pouco o interesse pela matéria.


Esse interesse foi retomado quando passei para a segunda fase da 17° OBMEP, aplicada em 2022. Meu amigo Henrique, lá de Santa Catarina, me incentivou a estudar para essa olimpíada. Durante esse ano, enquanto estudava para a OBMEP, foi quando despertei o maior interesse por estudar e resolver problemas de matemática.


DIVERSÃO E ARTE


Diogo Vieira dos Santos e a primeira vez no mar.
A primeira vez no mar?

Foi o efeito do cursinho. O português que nunca estudei na vida foi compensado em 2025.

Não consegui desenvolver muitos interesses literários durante esses anos pois eu estava muito ocupado estudando, e não consegui encaixar leitura na rotina.

Mas sempre curti livros de divulgação científica: Nação Dopamina, da Anna Lambke, Por que nós dormimos, do Matt Walkers; e algumas ficções: Jogador Número 1, A menina que roubava livros, O Pequeno Príncipe...

Ainda quero ler mais e refinar esse gosto literário.

 

A JORNADA DE UM GAROTO DE CAMBIRA RUMO À AUTODESCOBERTA


O vlog está no Youtube e retrata a jornada de um adolescente conhecendo o mundo.

Até hoje recebo mensagens de medalhistas agradecendo pela inspiração. Se puder divulgar esse vídeo, eu ficaria muito feliz

Esse é um vlog que gravei para meu amigo Henrique. Se quiser assistir, você conseguirá entender muito bem minha motivação.

O editor é aquele que me incentivou a estudar em 2022. Quem diria?


COLÉGIO


Diogo Viera dos Santos, medalha de ouro na OBMPE e seis colegas de escola.
Um grupo de estudantes do CCM Rosa Delucia Calsavara, acompanhado de dois professores. Diogo, deitado sobre os louros.

Ele organizou as olimpíadas que eu fiz, garantindo uma boa organização e aplicação.


O meu conhecimento básico foi construído por lá, mas a nível de Olimpíadas  foi integralmente eu estudando por conta.


Durante o Ensino Médio, cheguei a não ir para a escola para ter mais tempo de estudar em casa (e funcionou, fui aprovado).


Se a escola fosse pior, tivesse uma organização mais zoada, talvez eu me sentiria mais cansado, as provas não seriam bem aplicadas, e isso com certeza traria um impacto negativo.


Então eles fizeram um bom papel, acredito.


A escola me dava premiações e mensagens de apoio, me recompensando, e isso foi importante também (me apoiaram bastante mesmo).


Minhas professoras Izabel e Liziane, do ensino fundamental, me deram um bom apoio. Elas me ensinaram a base para que depois eu pudesse voar, de certa forma.


VESTIBULAR


Fiz um cursinho online custeado pelo próprio CDMC (Centro de Desenvolvimento da Matemática e Ciência, da FGV), fundado pelo César Camacho em 2017 para "resgatar os talentos matemáticos".


Trabalhava 6 horas diárias em home office, e, no geral, estudava à noite e durante os finais de semana.


Sou QA (Quality Assurance) na Fteam, uma software house de Maringá.


Trabalho com a garantia de qualidade de aplicativos e sites. Realizo testes, verificando se as funcionalidades estão ok, se o design das telas estão de acordo com o proposto pela documentação e se o sistema responde bem a diferentes tipos de dispositivos.


Hatsuo Fukuda, advogado e jornalista.

 Hatsuo Fukuda ,quando jovem, gostava de matemática, como Diogo.

 

  

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