Uma poema de Manuel Rosa de Almeida sobre a nossa praça…
Imagem decristianocosta2005porPixabay
Em que ponto do mundo
Você pisa em tapete amarelo
Em agosto de ipês chovido
Sob um telhado de espinhos?
O relógio de sol, singelo
Contempla a catedral ao fundo
E ouve, por dores transido
As tristes badaladas do sino?
Em que parte do Brasil
Forma-se o grupo insólito
Peixoto aponta sua avenida,
Vargas faz gesto contido, falso
Benjamin em alto granito
Sem perceber que a medida
Deste nosso povo servil
É o alferes em seu cadafalso.
Em que espaço da cidade,
Mendigos em tudo pensativos
Olhando o ônibus verde
No passeio a outros destinado
E o moleque ligeiro e ativo
Avança sobre o sorvete
Da menina rica, sem cuidado,
Deixando atrás o riso e a saudade.
Em que remoto planeta
Caminho em piso de vidro
Sobre relíquias antigas
Mas estou com a cabeça na lua
Tenho capturado o ouvido
Por um pregão, quase cantiga
Que vem subindo da rua
Borboleta e cobra! Borboleta...
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