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TUDO E NADA

Foto do escritor: Manuel Rosa de AlmeidaManuel Rosa de Almeida

Um poema de Manuel Rosa de Almeida sobre absolutos.

Imagem de DEZALB por Pixabay


Há duas palavras em que não acredito

São elas tudo e nada

De tal forma definitivas

Não cabem na dimensão

Deste mundinho finito.

Na palavra tudo, enviesada,

Está a ideia de exceção

O que faz do tudo um quase.

Na palavra nada, esquiva,

A ideia de um até agora,

Que faz do nada uma fase

A ser ultrapassada.

Tudo na vida passa,

Nada é para sempre

A mesma ideia compartilhada

Pelas palavras nada e tudo.

É isso que me apavora

Tudo e nada, lembre

São o mesmo do lado avesso,

Saltando da caixa de pandora.

Você não faz nada direito

Tudo que diz é bobagem

Era melhor ficar mudo

Melhor calar a voz no peito

Pois tudo e nada são miragens

Na grande miragem que atravesso.

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