A manifestação de Bolsonaro contra nosso sistema eleitoral é apenas mais um passo na sua caminhada ao autoritarismo...
Imagem de Greg Montani por Pixabay
Afinal, o que está por trás da última declaração do Presidente da República? Refiro-me à declaração de que ele tem provas de que houve fraude na última eleição presidencial, pois ele deveria ter vencido já no primeiro turno. Esta insólita declaração foi feita em Miami, durante sua viagem oficial aos Estados Unidos.
Então, o que passa na cabeça de Bolsonaro? Por que o candidato eleito lança dúvidas sobre o sistema eleitoral que o elegeu, ainda que seja para dizer que deveria ter sido eleito em primeiro turno? Vamos deixar de lado as conhecidas fanfarronices do Presidente, bem como as múltiplas vezes em que ele tem de retificar suas declarações... o que sobra? Mais um tijolinho que ele está colocando no muro de seu projeto autoritário de poder.
Desacreditar o sistema eleitoral é, portanto, mais um ataque a democracia. Depois de atacar a imprensa livre, o Congresso Nacional, os partidos políticos e o Poder Judiciário, agora ele se volta contra o sistema eleitoral. Logo nosso sistema eleitoral, considerado no mundo inteiro como modelo de eficiência e lisura. Lançando dúvidas sobre o sistema eleitoral – mesmo sem qualquer evidência clara – o Presidente da República leva os ingênuos a pensar se é mesmo necessário votar, pois é tudo manipulado mesmo...
A declaração, em meu entender, é gravíssima. A Ordem dos Advogados do Brasil – que tem sido um baluarte na defesa dos direitos e garantias individuais – deveria apresentar uma interpelação judicial com o seguinte objetivo: que o Senhor Presidente apresente as “provas” que diz ter ou se retrate publicamente. O que não é possível é a maior autoridade do país lançar sombras sobre mais este pilar da democracia, buscando minar, um a um, todos os alicerces que a sustentam.
E pior: faz isso na semana do dia 15 de março, data da malfadada convocação à manifestação pública contra o Congresso Nacional e o STF, claramente um chamado à ditadura. It is just another brick on the wall...
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