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BRASIL ELIMINADO


As meninas não conseguiram furar uma zaga bem postada.


Imagem de Brasil escola.

Hoje é jogo decisivo e só a vitória interessa. Claro que há pressão/apreensão. Percebe-se isso no rosto de nossas jogadoras perfiladas para o hino nacional. Uma certa rigidez nos traços, um olhar sério e compenetrado. Em geral, países com pouca expressão no futebol costumam ser subestimados. Seria um erro fazer isso com a Jamaica. Tenho certeza de que Pia sabe disso. Afinal, a Jamaica tem um ponto a mais e empatou com a poderosa seleção francesa. Vamos de azul, já que as jamaicanas estão de amarelo. A bola rolou...


Marta inicia jogando. É uma aposta no talento e na experiência, embora perdendo em vitalidade, pois Geyse é pura entrega e vigor físico. Escuto que o Panamá abriu o placar contra a França, mas não tenho ilusões de que este placar permaneça assim. As jamaicanas estão postadas atrás, o que já era esperado. Querem explorar o contra-ataque. Um erro de passe do Brasil proporciona uma arrancada da perigosíssima centroavante jamaicana, Shaw. É preciso manter toda atenção.


O jogo segue como esperado, com domínio brasileiro. Contudo, até agora - 25 minutos - ainda não criamos uma chance real de gol. Escuto que a seleção jamaicana não teve qualquer apoio oficial, sequer da federação jamaicana de futebol. Estão na Austrália graças a campanhas públicas e seu próprio esforço financeiro. A família de Bob Marley ajudou bastante. Independente do que acontecer, as jamaicanas podem ser consideradas heroínas.


A França empata. Alguns minutos depois faz 2 x 1. Não há surpresa nisso. Precisamos é vencer nosso jogo. Volta e meia Shaw tenta uma estocada. Ela é grande, veloz e habilidosa. Penso no estrago que um gol da Jamaica faria no nosso psicológico. Não sei se conseguiríamos dar a volta por cima. O jogo segue igual durante todo primeiro tempo. Temos a posse da bola mas não conseguimos furar a bem postada zaga jamaicana. A medida que passa o tempo, aumenta nosso nervosismo, refletindo-se em passes errados e decisões equivocadas.


Acompanho a transmissão da globo. Caio Ribeiro sugere que no intervalo troquemos Luana por Geyse. Perderemos em marcação, mas ganhamos mais uma atacante fisicamente forte. Concordo com ele. Caio manja de futebol. Existem basicamente quatro maneiras para furar uma zaga bem postada: cruzamentos da linha de fundo ( chuveirinhos somente consagram zagueiras altas ), tabelas rápidas com toques de primeira, jogadas individuais com dribles desconcertantes que abrem espaço e chutes de fora da área. Talvez devêssemos tentar esta última opção. Afinal o gol é grande... 7,32 X 2,44. Os goleiros/goleiras costumam ter dificuldades para proteger área tão vasta.


Começa o segundo tempo. Trocamos Ari Borges por Bia Zaneratto. Uma meia por outra, mantendo Luana, nossa melhor marcadora. Espera que não seja cautela em excesso e que não esperemos demais para colocar uma terceira atacante. A França já vence por 5 x 1. Aqui a coisa não muda e a tensão aumenta. Já são 15 do segundo tempo. As coisas pioram. Os erros de passe se acumulam, assim como a precipitação e o nervosismo. 25 do segundo tempo. É preciso tentar algo diferente.


Furar uma zaga bem postada nunca é fácil. O Brasil erra ao tentar o mesmo ao longo dos 90 minutos. O mesmo que não funcionou. Das quatro formas de furar uma zaga bem postada, não tentamos duas. Jogadas individuais e chutes de longa distância. Agora, tardiamente, aos 35 minutos do segundo tempo, fazemos três substituições: entram Andressa, Duda Sampaio e Geyse. Saem Luana, Marta e Antônia. Pode ser tarde demais.


Acabou. Não é possível conter as lágrimas, pois essa eliminação precoce é tão dura quanto inesperada. Em verdade, talvez nossa eliminação tenha ocorrido naquele cochilo no jogo contra a França, quando permitimos que Renard cabeceasse sem marcação. Afinal, a Jamaica tem uma defesa que ainda não sofreu gols. E essas meninas de amarelo - as delas - fizeram história.



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