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IA e Inteligência Natural. O ser humano é descartável?

Inês Lacerda Araújo discute o alcance e os limites da IA e da Inteligência humana.
Inês Lacerda Araújo discute o alcance e os limites da IA e da Inteligência humana.



A Filosofia se faz presente em nossos dias muito mais pela capacidade de interpretar do que pela pura reflexão, pois esta talvez não baste para as tarefas que o filosofar nos impõe.


É o caso dos debates e das propostas em vários setores da sociedade e da própria vida humana que se dão em torno à inteligência artificial (IA). Ela é alimentada o tempo todo por impulsos autogerados, informações recolhidas por anos e anos de postagens, programas, reportagens, conhecimento científico, descobertas, enfim, todo um gigantesco material produzido por quem? Por nós mesmos, e que é acessado pela IA.


A IA não interpreta a não ser o que for informado, não vai além do que é dado, o que permite solucionar problemas, sugerir alternativas, facilitar o caminho de todo e qualquer um que precise de um cálculo, de estatística, de opção com investimento, de diagnóstico, de leitura de imagens, e mesmo de como se vestir, se comportar, reagir. Truth Terminal capacita investidores em mememoedas a ganhos cumulativos, até mesmo a plantar árvores e criar esperança existencial!


Computadores conversam entre si, geram respostas automaticamente, produzem ações autônomas, poupam quem a eles recorre de tarefas repetitivas. Podem formatar a realidade com suas interações com a cultura humana, os mercados e as redes sociais.


Mas a IA não é consciente, sensível, não deseja nem quer nada, apesar de seus usuários entenderem que sim. A inteligência natural foi quem criou a IA...


Onde entra a Filosofia? Não tem a ver com informação, com descrições de acontecimentos, com a solução de problemas que impedem sucesso, nem aponta o caminho mais fácil para investir, não usa estatística nem amostragem. Filosofar é interpretar e buscar sentido, inclusive não encontrar sentido, vai à essência do que e de como somos, o que nos motiva, finalmente, o que estamos fazendo conosco?


Incrível que bilhões de seres com seus próprios discernimentos habitem o planeta, que expandam seus limites com produtos e artefatos capazes de exterminar a vida e outros tantos de conservar a vida, que usem seu entendimento e sua sensibilidade para produzir a mais nobre arte e o mais prejudicial lixo.


Em termos metafísicos, os seres humanos sofrem, se angustiam, se comunicam, buscam por sentido e realizações, anseiam por liberdadeautonomia, almejam serem educados o suficiente para dar razões de seus atos. Em nosso horizonte deveria haver a busca permanente por abertura, alçar voos, que não precisássemos sentir culpa, eleger deuses, cultuar mitos.


Nem atrelar esses pleitos à IA.

inteligência natural é capaz disso tudo, o filósofo abre essa porta, aventura-se nela, as possibilidades do Ser são inesgotáveis. Ao interpretar o que a tecnologia nos oferece, com seu acervo de ideias e conceitos, de projetos e de compreensão das consequências, a filosofia pode e deve mostrar que a responsabilidade é inteiramente nossa, de nossos representantes, de organizações, e, mais do que tudo do estado democrático de direito. Sem ele nos sujeitaríamos ao arbítrio, ao terror, às manipulações. Até mesmo a uma distopia em que máquinas inteligentes substituiriam a inteligência natural.


Este artigo foi originalmente publicado no site filosofiadetododia, mantido pela escritora e filósofa Inês Lacerda Ara


Inês Lacerda Araujo discute Inteligência Artificial e Inteligência Humana.

Inês Lacerda Araújo é filósofa e acredita que a inteligência humana tem um alcance maior do que a inteligência artificial

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