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Foto do escritorManuel Rosa de Almeida

25 ANOS SEM RENATO RUSSO

Um quarto de século depois, suas músicas permanecem o que de melhor se fez no rock nacional.


Imagem de Heiko Behn por Pixabay


Que diria Renato Russo desse Brasil bolsonarista? Que diria da abordagem da pandemia pelo governo federal? Que diria dos cortes na educação, ciência e cultura? Que diria, enfim, da patética, risível, cruel figura que comanda o país?


A letra de Perfeição está aí, nos dando a resposta. 25 anos da morte de Renato Russo e, súbito, dolorosamente, indefectivelmente, nos damos conta de que a vida passa em um piscar de olhos...


PERFEIÇÃO

Vamos celebrar a estupidez humana A estupidez de todas as nações O meu país e sua corja de assassinos Covardes, estupradores e ladrões Vamos celebrar a estupidez do povo Nossa polícia e televisão Vamos celebrar nosso governo E nosso Estado, que não é nação Celebrar a juventude sem escola As crianças mortas Celebrar nossa desunião Vamos celebrar Eros e Thanatos Persephone e Hades Vamos celebrar nossa tristeza Vamos celebrar nossa vaidade

Vamos comemorar como idiotas A cada fevereiro e feriado Todos os mortos nas estradas Os mortos por falta de hospitais Vamos celebrar nossa justiça A ganância e a difamação Vamos celebrar os preconceitos O voto dos analfabetos Comemorar a água podre E todos os impostos Queimadas, mentiras e sequestros Nosso castelo de cartas marcadas O trabalho escravo Nosso pequeno universo Toda hipocrisia e toda afetação Todo roubo e toda a indiferença Vamos celebrar epidemias É a festa da torcida campeã

Vamos celebrar a fome Não ter a quem ouvir Não se ter a quem amar Vamos alimentar o que é maldade Vamos machucar um coração Vamos celebrar nossa bandeira Nosso passado de absurdos gloriosos Tudo o que é gratuito e feio Tudo que é normal Vamos cantar juntos o Hino Nacional A lágrima é verdadeira Vamos celebrar nossa saudade E comemorar a nossa solidão

Vamos festejar a inveja A intolerância e a incompreensão Vamos festejar a violência E esquecer a nossa gente Que trabalhou honestamente a vida inteira E agora não tem mais direito a nada Vamos celebrar a aberração De toda a nossa falta de bom senso Nosso descaso por educação Vamos celebrar o horror De tudo isso com festa, velório e caixão Está tudo morto e enterrado agora Já que também podemos celebrar A estupidez de quem cantou esta canção

Venha, meu coração está com pressa Quando a esperança está dispersa Só a verdade me liberta Chega de maldade e ilusão

Venha, o amor tem sempre a porta aberta E vem chegando a primavera Nosso futuro recomeça Venha, que o que vem é perfeição


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