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CONCLAVE


Os bastidores da escolha de um papa.


Imagem de Prime Vídeo.



Vaticano. O colégio de cardeais está reunido sob uma sagrada missão: escolher o novo papa. Supostamente estão inspirados pelo poder supremo, de modo que a escolha final refletirá a escolha de Deus. Os meandros deste processo - onde prevalece o solene e a intriga - não são, porém, sagrados. Cardeais são seres humanos, afinal. Como seres humanos têm um passado, potencialmente explorável por adversários. Como seres humanos têm ambição. Em determinado momento, o cardeal mais próximo do protagonista afirma que secretamente todo cardeal ambiciona ser papa e todos já escolheram o nome que adotariam se fossem escolhidos.


O filme de Edward Berger apresenta uma produção primorosa. Não imagino que o Vaticano tenha franqueado seus espaços mais restritos e famosos para as filmagens. Portanto, a produção implicou numa rigorosa reprodução de tais espaços, incluindo a Capela Sistina. A produção é também primorosa nos detalhes, seja no anel papal, no selos que cerram portas no Vaticano, no latim e na reprodução do cerimonial.


Mais que a produção, contudo, a capacidade de Berger conduzir a história merece nota. Desde os primeiros minutos você é conduzido por salas, corredores e capelas do Vaticano. Desde o início há um clima tenso, não apenas de homens confrontados com uma difícil escolha, mas da tensão que há no não proferido, no imaginado, no suspeito, no temido. Esta tensão não se perde. Segue até os momentos finais para, finalmente, descomprimir apenas na insólita última cena.


Ralph Fienes encarna o cardeal Lawrence que, como decano, está encarregado de conduzir o conclave. Ele se defronta com uma série de problemas, que vão além de equilibrar as ambições dos principais candidatos: um cardeal liberal que é seu melhor amigo, um cardeal conservador - italiano e, como italiano, loquaz e grandiloquente, um cardeal sobre quem pesam sérias suspeitas de impedimento a apresentar-se como candidato. Há muita intriga e suspeitas são lançadas, sendo que o decano procura conduzir-se de uma maneira firme, mas descomprometida.


O cardeal Lawrence é o fio condutor de toda trama. Ralph Fienes está indicado para o Oscar de melhor ator e, se for escolhido, não será nenhuma surpresa. Ele é um grande ator, todos sabemos. Apenas reafirma isso ao mundo com uma atuação soberba. Os atores que encarnam os principais concorrentes também trabalham bem: Stanley Tucci ( cardeal Bellini ) John Lithgow ( cardeal Tremblay ) , Carlos Diehz ( cardeal Benitez ) Lucien Msamati ( cardeal Adeyemi ) e Sérgio Castelitto ( cardeal Tedesco ). De quebra, Isabella Rosselini ( irmão Agnes ) numa atuação segura que prova uma das lições que todo ator cedo aprende: menos é mais.


O roteiro é muito bom, mas derrapa no final. Não pela revelação que se faz do cardeal escolhido. Mas porque seu comportamento é inconsistente com o espírito do personagem. A inconsistência e a falta de verossimilhança são venenos fatais para os roteiros.



Conclave - Estados Unidos, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, 120 minutos, drama.

Direção - Edward Berger.

Roteiro - Peter Straughan baseado em obra de Robert Harris.

Elenco - Ralph Fienes, Isabella Rosselini, Stanley Tucci, John Lithgow, Carlos Diehz, Lucien Msamati e Sérgio Castelitto.

Adjetivos - Intenso, interessante, surpreendente.

Recomendação - Vale a pena ser visto, por diversas razões.

Nota - 8



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