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General Heleno com Alzheimer. Bolsonaro Hic Hic era Presidente. Demerval Quaresma também quer ser Presidente da República.

General Heleno com Alzheimer. Bolsonaro Hic Hic era Presidente. Demerval Quaresma também quer ser Presidente da República.
General Heleno, comandava a ABIN e diz que tem Alzheimer desde 2018.

Caio Brandão


Demerval Quaresma quer ser presidente do Brasil. Acordou cedo, foi à biblioteca municipal e buscou informações. Encontrou um exemplar descorado da Carta Magna, mas o texto remontava a 1988 e a edição se apresentou em bom estado. Quaresma sentou-se com dificuldade, com ossos do esqueleto estalando, mas conseguiu o feito, ainda que ofegante. O problema maior será para levantar-me, pensou. Mas, foi à luta.


A Constituição exige pouca coisa para ser presidente. Pode ser presidente com Alzheimer.

Achou o que procurava no artigo 14 da Carta Magna, e foi logo fazendo checklist: sou brasileiro, sei ler e escrever, estou no pleno exercício dos direitos políticos, o meu título de eleitor está válido, tenho mais de 35 anos e me encontro filiado a um partido político. É só isso? Indagou a si mesmo, mas era verdade, estava escrito lá, na Constituição da República, concluiu Demerval.


Quaresma se refez, porque estava deprimido por não ter sido aprovado em concurso público para o cargo de coveiro, em sua cidade natal. A prova não foi difícil, segundo ele, mas o princípio de Alzheimer, que o acomete, turvou a sua capacidade de responder às questões da prova de forma correta.


O Alzheimer vem devagar, sorrateiro, ardiloso, traz dificuldades para a memória recente, apagando fatos, informações, conversas e a agenda de compromissos.


Quaresma tinha consciência disso e, portanto, evitava comprometer-se, gerenciar e fazer tarefas complexas, lidar com dinheiro e fazer planejamentos estratégicos, como a reforma do galinheiro de sua casa, reivindicação antiga de Dona Maria, sua esposa, inconformada com o abandono do recanto onde se recolhiam as poedeiras da família. Mas a reprovação para coveiro pode ter sido útil, ponderou Demerval em seus pensamentos, porque ele poderia ser capaz de enterrar o caixão e deixar o defunto de fora, ao relento.


O Alzheimer, já sabia Demerval, compromete a capacidade do indivíduo para a solução de problemas, principalmente no encaminhamento de soluções estratégicas, como é o caso de um caixão com defunto dentro, pressão da família, horário de crepúsculo, fluidez do mecanismo de descida da urna na cova e outras tantas minúcias, como a arrumação das coroas de flores no entorno da campa.


Bolosnaro e general Heleno. Um com hic hic e outro com Alzheimer.
O Alzheimer compromete a capacidade do indivíduo para a solução de problemas, como se vê na foto. Pobre homem.

Assim, melhor ser presidente, pensou, porque não existe prova em concurso, não pedem exame médico de saúde física e mental e ainda existe um mundo de “aspones” para auxiliar o primeiro mandatário a dar conta do seu mister. AdeGmais, se o presidente errar, sempre poderá crucificar algum ministro e tratá-lo como incompetente e, quiçá, como corrupto.


A presidência, para Demerval, traria, nas suas conjecturas, um desafio maior do que o galinheiro da família, em perspectiva, e a satisfação das poedeiras, em abandono, porque o Alzheimer poderia comprometer a sua fluência verbal e a capacidade de resolver problemas complexos, típicos do cargo.


General Heleno era um homem com Alzheimer. Coitadinho.
General Heleno era um homem com Alzheimer. Coitadinho.

Mas, Dona Maria, na sabedoria de esposa dedicada e perspicaz, ponderou de pronto que havia precedente nessa questão, referindo-se ao noticiário recente, contemplando a figura de um ilustre general, de trajetória destacada na Força, que conseguiu superar obstáculos e manter-se e projetar-se no cargo, em que pese o ônus da doença e de suas graves consequências. Ademais, ponderou Dona Maria, estivesse o general sob o ônus da doença, quando em missão da ONU no Haiti, as coisas poderiam ter saído mais do controle do que o ocorrido, de triste memória.


Mas de quem se trata, perguntou Demerval.


Maria, com a visão fixa na cebola que descascava e os olhos encharcados, com lágrimas escorrendo pelo rosto rosado e marcado pelo tempo, citou o General Heleno, recentemente condenado em processo de grande repercussão, em companhia de outros tantos que, segundo ela e argumentando na sua simplicidade, teriam sido punidos por algum malfeito no exercício do cargo.


Maria, normalista – fez o curso de professora primária -, tinha a experiência de regente de classe e bem sabia acerca da capacidade de um grupo de maquinar coisas indevidas e partir para o confronto em desfavor do status quo.


General Heleno e o general Braga Neto, condenados a 21 anos e 26 anos de prisão.
General Heleno e o general Braga Neto, condenados a 21 anos e 26 anos de prisão.

Heleno, segundo Maria, conforme por ela lido em noticiário amplamente divulgado em jornais e na televisão, teria conseguido o benefício de prisão domiciliar, em face de idade avançada, várias comorbidades e, inclusive, conforme argumentado pelos seus advogados, estar sofrendo de Alzheimer desde o ano de 2018.


Como assim, retrucou Demerval, acrescentando: em 2018, pelo que sei, o Gen. Heleno estava integrado à campanha presidencial do Bolsonaro e, logo após a vitória do Jair, o general foi cogitado para Ministro da Defesa e acabou sendo nomeado para a chefia do Gabinete Institucional da Presidência da República, e ainda acumulou as funções de Secretário Executivo de Defesa Nacional.


Ademais, o general, do alto do seu descortino e sem maiores contestações, aprovou em 2021 vários projetos de pesquisa de ouro em São Gabriel da Cachoeira, na fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela e, em 2023, pouco antes de deixar o cargo, também autorizou a exploração de ouro em Iracema, em Roraima, em área vizinha ao território indígena da reserva Yanomami.


General Heleno com Alzheimer. Bolsonaro Hic Hic era Presidente.
Talvez o Alzheimer não se manifestasse em assuntos profissionais, somente quando ele estivesse dormindo.

Veja, minha querida, disse Demerval a Maria, enquanto acendia um cigarro da marca Piccadilly, seu preferido, que o homem sabia o que fazia, apesar da doença. Ademais, talvez o Alzheimer não se manifestasse no cotidiano profissional, mas apenas em delírios nas variáveis do sono profundo, quando recolhido ao leito.


General Heleno, com Alzheimer, aconselhava o presidente Bolsonaro em assuntos de segurança nacional.
General Heleno, com Alzheimer, aconselhava o presidente Bolsonaro em assuntos de segurança nacional.

Você tem razão, Demerval, porque mesmo com essa doença sinistra, o general pode determinar as diretrizes da Agência Brasileira de Inteligência, a ABIN, que à época ainda se encontrava sob a jurisdição do GSI. Outrossim, completou Demerval, também vinculados à GSI se encontram a Câmara de Relações Exteriores e Defesa Nacional, o Comitê Gestor de Segurança e Informação, o Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro e o Comitê Executivo do Programa de Proteção Integrada de Fronteiras.


Tudo isto? Perguntou Dona Maria.


 — Tudo isto e muito mais, respondeu Demerval, acrescentando: esse GSI também tem sob o seu comando a Secretaria de Segurança Presidencial, a Secretaria de Acompanhamento de Assuntos Estratégicos, a Secretaria de Coordenação e Assuntos Aeroespaciais e a Secretaria de Segurança da Informação e Cibernética.


Meu Deus, exclamou Maria, que disse:


Xandão condenou o general Heleno. Agora ele diz que tem Alzheirmer. Vai colar?
Precisa explicar? Seu nome é Xandão.

 — Nossa, então a capacidade de raciocínio lógico e de gestão do general superou a doença de maneira impressionante. Portanto, Demerval, completou Maria, você não apenas pode ser coveiro, mas também pode ser presidente do Brasil e vamos à luta, concluiu.


Caio Brandão, jornalista mineiro.

Caio Brandão é amigo de Demerval Quaresma e vai votar nele para Presidente da República.


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